Saída de Maia ‘ajudará a pacificar’ o DEM, diz líder do partido

Afirmação é uma resposta à entrevista de Rodrigo Maia (DEM-RJ), na qual o ex-presidente da Câmara critica ACM Neto e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado

  • Por André Siqueira
  • 08/02/2021 13h24 - Atualizado em 08/02/2021 13h30
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Raphael Milagres/Câmara dos Deputados Deputado Efraim Filho Deputado Efraim Filho

O deputado federal Efraim Filho (DEM-PB), líder do DEM na Câmara dos Deputados, afirma em nota, divulgada nesta segunda-feira, 8, que a eventual saída de Rodrigo Maia (DEM-RJ) da sigla “ajudará a pacificar” o partido. A declaração é uma reação à entrevista de Maia ao jornal “Valor Econômico”, na qual o ex-presidente da Câmara dos Deputados critica o presidente nacional do DEM, ACM Neto, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e afirma que a aproximação com o governo Bolsonaro faz com que a legenda retome sua origem de direita ou de extrema-direita. “Rodrigo Maia e o Democratas entraram juntos para a história do país, [o deputado] tem nosso respeito por esses momentos marcantes dessa parceria. Porém, com o anúncio de sua saída, deixa claro que chegou ao fim de um ciclo no partido, e essa decisão ajudará a pacificar o Democratas”, diz um trecho da nota.

Efraim afirma que Rodrigo Maia tenta “injustamente” terceirizar a culpa pela ruína do bloco de apoio à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara dos Deputados. O ex-presidente da Casa era o principal fiador da campanha do emedebista, mas não conseguiu evitar o apoio de lideranças do DEM ao nome de Arthur Lira (PP-AL), candidato vitorioso no pleito. Na véspera da eleição, inclusive, Maia sofreu um revés: a Executiva Nacional do partido decidiu pela neutralidade na disputa – aliados de Lira estimam que cerca de 20 deputados da bancada do DEM, composta por 29 parlamentares, votaram contra Baleia Rossi.

“Na entrevista [ao Valor Econômico], Rodrigo tenta, injustamente, terceirizar a responsabilidade pela ruína do bloco, não faz sua autocrítica, nem assume a sua mea culpa. É injusto colocar em nossa conta a derrota do seu candidato à sucessão. Insistimos que o Democratas não tem dono e ainda preserva um de seus maiores patrimônios: a capacidade de decidir pela vontade da maioria, e não por imposição de cúpula partidária. Isso, sim, seria ato antidemocrático. O presidente ACM Neto foi correto ao respeitar a decisão da bancada, seguir o caminho da neutralidade quanto ao governo. Preserva a independência do partido e tem a nossa solidariedade e confiança”, acrescenta Efraim Filho.

O líder do partido na Câmara também aponta Maia como responsável pelo fracasso da candidatura de Baleia Rossi. “O Democratas é um partido plural e não tem dono. A bancada da Câmara não tem dono. O líder é eleito pela vontade expressa da maioria. Essa mesma maioria, que torna a decisão legítima, faltou a Rodrigo Maia para compor o bloco de centro-esquerda na disputa pela presidência. Na verdade, ao tentar levar o partido para essa posição, sem consultar a bancada sobre o que desejava, Rodrigo se viu isolado e perdeu o comando do processo, e muitas vezes o alertamos sobre essa dificuldade. Era a sua sucessão, cabia a ele construir os consensos e conduzir o processo. Na democracia, maioria não se impõe, maioria se conquista”, finaliza.

‘Falta de caráter’, diz Caiado

Na entrevista ao jornal Valor Econômico, Rodrigo Maia também criticou Ronaldo Caiado, um dos principais caciques do partido. O ex-presidente da Câmara afirmou que o governador de Goiás se manifestava de uma forma, mas agia de maneira diferente. Em sua conta no Twitter, Caiado rebateu a declaração e disse que “o deputado Rodrigo Maia, infelizmente, foi acometido por uma síndrome que atinge com muita frequência as pessoas que não aceitam deixar o poder: ‘síndrome da ansiedade de poder'”. “Rodrigo tentou furar a Constituição e não tinha trabalhado outro candidato. Com a negativa do STF, tentou um movimento desesperado, de imposição, sem qualquer unidade e coerência. Mas, depois de ter sido eleito por três vezes presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo achou que era proprietário das decisões de todos os deputados do Democratas e dos demais da Câmara. Ao reagir desta maneira, desrespeitou toda a bancada de um partido que sempre lhe apoiou. Agir da forma como Rodrigo agiu é o que, de fato, demonstra falta de caráter. Ganhar ou perder faz parte de todo o processo político. E Rodrigo sabe quantas vezes perdi internamente no partido e acatei a derrota, mesmo não satisfeito. Humildade, usar a verdade e respeitar os amigos estão acima de qualquer poder”, acrescenta Caiado.

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