Senadores revogam sigilo imposto a documentos enviados à CPI da Covid-19

Senador Omar Aziz afirmou que informações só serão classificadas como sigilosas caso haja justificativa para tal; Osmar Terra e o auditor do TCU foram convocados a prestar depoimento

  • Por Jovem Pan
  • 09/06/2021 12h19 - Atualizado em 09/06/2021 15h51
Edilson Rodrigues/Agência Senado - 09/06/2021 O presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz Senadores acreditam que há uma “estratégia” para dificultar o acesso dos parlamentares às informações encaminhadas à comissão

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 revogou nesta quarta-feira, 9, o sigilo imposto pelo governo federal aos documentos enviados aos senadores. Segundo Omar Aziz (PSD), Renan Calheiros (MDB), Eliziane Gama (Cidadania) e Eduardo Girão (Podemos), há uma “estratégia” para dificultar o acesso dos parlamentares às informações encaminhadas à comissão. “Minha equipe tem sentido uma enorme dificuldade para acessar os documentos sigilosos. Eu não sei se isto está acontecendo com os colegas”, questionou Girão. “Todos nós”, garantiu o presidente da comissão. “Estão mandando todos os documentos como se fossem sigilosos. Não tem documento sigiloso. Tem documentos que estão no Portal da Transparência que a Secom mandou para cá como sigiloso. Então vamos acabar com esse negócio”, afirmou Aziz. Em seguida, Girão complementou afirmando que há uma dificuldade no acesso da pasta com os documentos. De acordo com o senador, o acesso às informações fica restrito por horas, o que adiciona ainda mais tempo no processo de apuração e preparação dos parlamentares para os depoimentos.

A senadora Eliziane concordou e sugeriu que a CPI tivesse um funcionário que organizasse os documentos, trabalhando em uma divisão de temas. Os parlamentares afirmam que é enorme a carga de documentos recebidos. “Estamos diante de um acumulado enorme de informações e tem um pecado original: a maioria das informações chegam sob sigilo. A lei que estabelece sigilo, estabelece critérios. A CPI, sob pena de prejudicar o andamento da própria investigação, não pode concordar com a classificação ilegal, sem sustentação judicial, legal, formal para os sigilos que foram classificados. Já pedi [ao presidente Omar Aziz] para reclassificarmos esse sigilo, para deixarmos como sigilo apenas o que trata sobre informações bancárias, fiscais, assuntos de segurança nacional e de interesses do Estado brasileiro. Nós reclassificaríamos em função de classificação indevida”, disse Calheiros, relator do colegiado. Em seguida, os membros do grupo votaram a favor da reclassificação do sigilo. O senador Omar Aziz afirmou que informações só serão classificados como sigilosas caso haja justificativa para tal. “Se não vier [com justificativa], nós vamos abrir”, afirmou. Ficou decidido que apenas informações de segurança nacional e processos de segredo de Justiça serão mantidos sob sigilo.

Além da reclassificação, a CPI aprovou a convocação de Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), apontado como o responsável pela elaboração de um relatório falso sobre mortes causadas pela Covid-19 citado pelo presidente Jair Bolsonaro na manhã da última segunda-feira, 7. Também serão convocados Francisco de Araújo Filho, ex-secretário de saúde do Distrito Federal, do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), Felipe Cruz Pedri, secretário de Comunicação Institucional, Renato Spallicci, presidente da Apsen Farmacêutica, José Alves Filho, empresário e o desenvolvedor do aplicativo TrateCov. Também haverá uma acareção entre Francieli Francinato, coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI), e a médica infectologista Luana Araújo.

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