Voto impresso: Câmara vai ‘riscar linha no chão’ e mandar recados ao Palácio do Planalto

Votação de PEC, que conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro, ocorrerá horas depois de desfile de comboio militar que passou pela Praça dos Três Poderes

  • Por André Siqueira
  • 10/08/2021 16h43 - Atualizado em 10/08/2021 16h45
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Pablo Valadares/Câmara dos Deputados Votação do PL dos supersalários na Câmara Por se tratar de uma emenda à Constituição, proposta precisa de 308 votos em dois turnos

A sessão deliberativa da Câmara dos Deputados desta terça-feira, 10, na qual os parlamentares podem votar a PEC do voto impresso, será marcada por recados duros enviados ao Palácio do Planalto. A votação da proposta de mudança do sistema de eleição do país ocorrerá horas depois do presidente Jair Bolsonaro ter participado de uma cerimônia na qual um comboio militar desfilou pela Esplanada dos Militares. Segundo apurou a Jovem Pan, parlamentares e líderes partidários afirmam que o Congresso Nacional precisa “riscar uma linha no chão” e dar uma resposta a um movimento que foi visto como uma tentativa de intimidar o Legislativo.

A reportagem ouviu parlamentares e interlocutores do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que relataram irritação e incômodo com o desfile militar em celebração à Operação Formosa. Na avaliação destes deputados, Bolsonaro se comprometeu a respeitar o resultado da votação da PEC do voto impresso, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), mas “dobrou a aposta” antes da análise da proposta. Como a Jovem Pan mostrou, antes de anunciar que enviaria o projeto ao plenário, Lira conversou com o chefe do Executivo federal. Uma das principais bandeiras do mandatário do país, a proposta enfrenta resistências e deve ser rejeitada – por se tratar de uma emenda à Constituição, são necessários, no mínimo, 308 votos, em duas votações.

Em razão da pressão política e de ameaças sofridas nos últimos dias, deputados cogitam se ausentar da votação, para que não tenham que registrar o voto, uma vez que a votação é aberta. A PEC é rejeitada, inclusive, por partidos que integram a base de apoio a Bolsonaro no Congresso. No último sábado do mês de junho, presidentes de 11 siglas participaram de uma reunião virtual e fecharam questão contra a impressão do voto – estiveram presentes Ciro Nogueira, do Progressistas; Valdemar Costa Neto, do Partido Liberal; Marcos Pereira, do Republicanos, aliados do governo.

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