Zambelli aciona Justiça para barrar Renan Calheiros na CPI da Covid: ‘Ele deveria se declarar suspeito’
À Jovem Pan, deputada avaliou que o emedebista não poderia assumir relatoria porque é pai de governador e alvo de processos judiciais; ‘Na verdade, a CPI será usada de palanque eleitoral’, disse
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) protocolou uma ação na Justiça Federal, nesta segunda-feira, 19, para tentar impedir a indicação do senador Renan Calheiros (MDB-AL) para a relatoria da CPI da Covid-19. Em entrevista à Jovem Pan, Zambelli explicou os motivos que justificariam o veto à nomeação do emedebista. “Renan Calheiros tem muita experiência na Casa e possuí uma inegável habilidade de negociação. Apesar disso, ele não pode ser relator porque é alvo de processos na Justiça e tem como filho o governador de Alagoas, Renan Filho. Nenhum brasileiro em sã consciência gostaria que um pai investigasse seu próprio filho e este foi um dos motivos que me levou a entrar com a ação contra Renan Calheiros. Atualmente, existem 43 processos e seis inquéritos que o envolvem no Supremo Tribunal Federal. O afastamento do senador não precisaria ser motivado pela ação que protocolei porque ele mesmo, desde o início, deveria ter se declarado suspeito para integrar a CPI”, afirmou a deputada.
“Nesta ação, questiona-se especificamente a hipótese de nomeação do senador Renan Calheiros para ocupar a relatoria da CPI, ante seu histórico de processos, no sentido amplo do termo, a quem vem se submetendo, num amplo leque de apurações que se voltam contra sua reputação, decorrentes de investigações criminais instauradas por determinação do Supremo Tribunal Federal, envolvendo fatos tipificados com improbidade administrativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro”, registra a peça protocolada na Justiça Federal do Distrito Federal. A indicação do emedebista à relatoria da CPI foi confirmada pela Jovem Pan na última sexta-feira, 16. “É de afirmar, de forma clara e objetiva, que o senador Renan Calheiros não tem a dignidade e ombridade que o admitam desenvolver tão importante missão, faltando-lhe a ilibada reputação que inspira a segurança jurídica necessária para manter o curso dos trabalhos nos limites da proposta deflagradora da persecução legislativa”, conclui o documento.
Mesmo que a peça protocolada por Zambelli tenha como objetivo barrar judicialmente a indicação de Renan Calheiros, as críticas da parlamentar se estendem a outros membros da CPI da Covid-19. “Hoje a CPI é composta por diversos integrantes que não têm isenção para investigar o governo federal, os estados e municípios. Assim como Renan, outros membros são pais de governadores. É muito complicado acreditarmos que os pais investigarão os próprios filhos. Por exemplo, o senador Jader Barbalho é pai de Helder Barbalho, o governador do Paraná que é alvo de investigações da Polícia Federal”, disse. Para Carla Zambelli, os equívocos apontados demonstram que a CPI não servirá ao seu próprio objetivo, a apuração de eventuais falhas no enfrentamento da pandemia. “Na verdade, a CPI será usada de palanque eleitoral por vários de seus membros. Essa investigação está sendo instalada de forma errada em um momento equivocado”, analisou. À reportagem, a parlamentar indicou que o senador Tasso Jereissati (PSDB) estaria entre os nomes que usarão a CPI da Covid-19 como “palanque” para as eleições de 2022.
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