Ana Paula Henkel: Com filhos de integrantes sendo investigados, CPI da Covid-19 nasce defeituosa

Possibilidade da utilização da Comissão Parlamentar como ‘palanque’ contra Bolsonaro nas eleições de 2022 foi tema de debate entre comentaristas de ‘Os Pingos Nos Is’

  • Por Jovem Pan
  • 19/04/2021 19h57 - Atualizado em 19/04/2021 20h15
Pedro França/Agência Senado Renan Calheiros, Homem de óculos discursa em sessão do Senado Renan Calheiros é pai do governador de Alagoas, Renan Filho

O plano de trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 prevê que pelo menos seis ministros ou ex-ministros do governo de Jair Bolsonaro sejam chamados para prestar esclarecimentos sobre as ações de combate à Covid-19 no Brasil. Entre os futuros convocados estão Eduardo Pazuello, que comandou a pasta da Saúde, e Ernesto Araújo, que foi representante do Ministério das Relações Exteriores. Integrantes do colegiado também defendem que sejam ouvidos secretários do Ministério da Saúde e autoridades responsáveis pela área da comunicação. No roteiro inicial de trabalho, o único prefeito citado é David Almeida (Avante), de Manaus, cidade que entrou em colapso no início do ano. Também está na lista o ex-comandante do exército Edson Pujol, que deve ser convocado para falar sobre a produção de cloroquina. O ministro da Defesa, General Braga Neto, que comandou um comitê de crise quando estava na Casa Civil, também deve ser convocado, assim como o ministro da Economia, Paulo Guedes, que pode ser chamado para explicar os valores do auxílio emergencial.

Na última semana, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), decidiu lançar a sua candidatura à presidência da CPI do colegiado. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta segunda-feira, 19, ele criticou a possibilidade da relatoria da comissão ser assumida por Renan Calheiros (MDB-AL). “Não é que ‘se fala’ que vai ficar a relatoria com o senador Renan Calheiros, é o acordão que foi feito aqui, o acordão que foi feito, obviamente eu não participei, que a sociedade brasileira não reagiu bem, com todo respeito ao senador Renan Calheiros, mas a relatoria, que é escolhida pelo presidente, daí eu estou me candidatando à presidência desta CPI, ela não pode absolutamente ter nenhum tipo de conflito de interesses. Aliás, ninguém dessa comissão deveria ter nenhum tipo de conflito de interesses que seja”, pontuou o senador.

A comentarista do programa “Os Pingos Nos Is”, da Jovem Pan, Ana Paula Henkel, acredita que se a CPI da Covid-19 fosse “séria”, ela precisaria convocar todas as pessoas, inclusive ministros, governadores e prefeitos. “Uma CPI que tem aí um possível relator dos trabalhos o Renan Calheiros, com um filho que teria que ser investigado dentro do escopo dessa CPI que agora abrange governadores e prefeitos, aí sim eu concordaria que pode chamar quem quiser. O Brasil quer transparência, mas a gente vê que essa CPI vai sim virar um palanque anti-bolsonaro, anti-governo, que vai servir de fonte para manchetes sensacionalistas até a eleição do ano que vem”, analisa. Henkel lembra de declarações dadas por Calheiros afirmando que Bolsonaro errou e já se omitiu pelos erros. “O possível relator já chegou a uma conclusão mesmo antes de qualquer investigação. Se o relator já tem essa conclusão, pra que gastar dinheiro? Para que gastar tempo dentro de uma pandemia onde outras prioridades deveriam estar no topo da lista?”, questiona. Ela também lembra que Hélder Barbalho, governador do Pará, é filho de um dos suplentes da CPI, Jader Barbalho (MDB) e também foi investigado por suspeita de superfaturamento na compra de respiradores no Estado. “Como será a investigação em cima de filhos de membros dessa CPI? Essa CPI já nasce totalmente defeituosa e viciada”, aponta.

Confira o programa “Os Pingos Nos Is” desta segunda-feira, 19, na íntegra:

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.