Porto de Mariel quer ser principal conexão do Canal do Panamá após ampliação
Fabio Agrana.
Panamá, 13 abr (EFE).- O terminal de contêineres do porto de Mariel, em Cuba, quer se transformar na melhor opção logística da região após a ampliação do Canal do Panamá, disse nesta segunda-feira (data local) um dos diretores do porto em uma reunião internacional que analisa o impacto da expansão da via interoceânica panamenha.
As projeções do moderno terminal de contêineres cubano, que começou a operar em janeiro de 2014, foram analisadas em um painel durante a XII Panamá Maritime sobre o futuro do setor portuário assim que as obras do Canal do Panamá sejam concluídas.
O diretor comercial do terminal de Mariel, Marcelo Lluveras, destacou a importância da expansão panamenha e as oportunidades que serão abertas para os portos que tenham condições de atender a nova demanda na região.
O projeto de ampliação do Canal de Panamá, iniciado em 2007 e com término previsto inicialmente em outubro de 2014, só ficará pronto em abril de 2016. O consórcio terceirizado que executa as obras e a administração do local trocam acusações sobre os motivos do atraso.
A partir do anúncio da expansão, Cuba definiu uma política integral de desenvolvimento no país e criou a zona especial de Mariel, indicou Lluveras. O objetivo é aumentar o comércio exterior da ilha, aproveitando da proximidade com o canal panamenho.
“Temos possibilidade de conexões com o mundo todo a partir da ampliação do Canal do Panamá. Nossa posição geográfica facilita a expansão em direção ao Caribe e à costa leste dos Estados Unidos. Podemos ser a melhor opção de porto de baldeio internacional na região. Nós realmente estamos no centro de todas as rotas, seja da Ásia, da Eruopa ou da costa leste e oeste da América Latina”, apontou Lluveras.
O vice-presidente de marketing e vendas do Porto de Cartagena, na Colômbia, Giovanni Benedetti, disse à Agência Efe que Mariel tem uma oportunidade muito boa, e que a primeira etapa vai ser positiva, acompanhando a abertura proposta por Cuba recentemente.
Apesar disso, Benedetti afirmou que a posição geográfica de Mariel não é tão favorável assim. Cartagena, Panamá e Jamaica ainda seriam mais próximos do canal. O porto cubano só teria a seu favor “a grande zona franca que tem, em teoria, mais de 2 mil hectares”.
“Uma forma de romper o bloqueio não é deixando que os bens fluam em direção a Cuba, mas que as companhias se instalem no país e os produtos saiam de Cuba para o exterior”, afirmou.
A primeira etapa do novo terminal, que contou com financiamento brasileiro, é o coração da Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel, criada com objetivo de se transformar em um dos motores econômicos de Cuba e um foco de atração de capital estrangeiro.
Ferrovias, armazéns, canais e pontes são algumas das infraestruturas construídas no porto de Mariel, situado a cerca de 45 quilômetros ao oeste de Havana. As obras, feitas pela Odebrecht, custaram US$ 957 milhões, sendo US$ 682 milhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Para a segunda etapa do projeto está previsto que o Brasil contribua com mais um segundo financiamento, da ordem de US$ 290 milhões, de acordo com fontes oficiais.
O terminal de contêineres de Mariel tem a capacidade de receber navios “Post-Panamax”, com capacidade dobrada em relação aos usados atualmente e que, a partir da ampliação, poderão circular pela via marítima interoceânica. EFE
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