Prefeito e esposa são autores da repressão a estudantes, diz Justiça mexicana

  • Por Agencia EFE
  • 22/10/2014 22h19

México, 22 out (EFE). – O prefeito de Iguala, José Luis Abarca, e sua esposa, María de los Ángeles Pineda Villa, foram os autores intelectuais da repressão aos estudantes em 26 de setembro, que causou a morte de seis pessoas e o desaparecimento de 43 alunos, informou nesta quarta-feira a procuradoria mexicana.

Em entrevista coletiva, o procurador-geral, Jesús Murillo Karam, disse que o prefeito, retirado do cargo no último dia 17 pelo Congresso do estado de Guerrero, foi quem deu a ordem de atacar os estudantes para evitar que interviessem em um evento oficial que, na noite do ocorrido, sua esposa liderava em Iguala.

Em junho de 2013, a prefeitura “foi agredida” por um grupo de opositores, entre eles “alunos da Escola Normal Raul Isidro Burgos Ayotzinapa”, por isso Abarca quis evitar que isto se repetisse, explicou.

Após a detenção do líder do cartel Guerreros Unidos, Sidronio Casarrubias, em 18 de outubro, foi possível descobrir que o crime organizado estava completamente infiltrado na prefeitura. O governo do município recebia do cartel de dois e três milhões de pesos por mês (entre R$ 367.188 e R$ 550.782).

A primeira-dama, parente de dois operadores do cartel, era a encarregada de distribuir o dinheiro, com a conivência de seu marido e do secretário de Segurança Pública, Felipe Flores Velázquez, afirmou Murillo, que acrescentou que já há ordens de prisão contra os três.

A cada mês, pelo menos 600 mil pesos (R$ 1.104.045) eram destinados ao controle da polícia local. A investigação também descobriu que os próprios membros do cartel decidiam sobre novos candidatos a ingresso na corporação.

O titular da Procuradoria Geral da República (PGR) informou que já são 30 os corpos encontrados em um total de nove valas, duas a mais das informadas inicialmente.

Exames de DNA realizadas a partir de mostras tomadas pela Justiça do estado revelou que os restos mortais não correspondem aos dos jovens desaparecidos. Contudo, diante da possibilidade de “um erro” as autoridades estão à espera dos resultados das amostras tomadas por uma equipe argentina.

Sobre a noite de 26 de setembro, Murillo explicou que o primeiro ataque foi em um dos quatro ônibus que levava os estudantes, onde morreu um dos jovens, mas que o veículo conseguiu escapar. Os policiais entraram em uma perseguição e outro ônibus, no qual viajava um time de futebol, acabou sendo atacado.

Percebendo o ocorrido, os agentes continuaram a busca e acharam o primeiro veículo, fizeram os estudantes descerem e se os levaram à delegacia de Iguala dentro de patrulhas. De lá foram “subtraídos” por policiais do município de Cocula, que apoiavam a operação.

Os estudantes foram levados até um morro situado em Pueblo Viejo, onde as fossasse encontraram, controlado por um membro ligado diretamente aos Guerreros Unidos de nome “Gil”.

Este avisou a Casarrubias dos fatos de violência, mas os atribuiu a “um grupo criminoso contrário”, por isso o líder do cartel aprovou “as ações para a defesa de seu território em Iguala”, afirmou o procurador-geral.

Gil e outros dois membros, já identificados, do cartel que supostamente executaram as ordens de Casarrubias estão foragidos.

“Sua detenção é crucial para a investigação e localização dos estudantes”, disse Jesús Murillo Karam. EFE

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