Premiê da Austrália governará de remota comunidade indígena por uma semana

Sydney (Austrália), 24 ago (EFE).- O primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, governará o país a partir desta segunda-feira, e até sexta-feira, do Estreito de Torres, uma remota comunidade indígena com graves problemas sociais e econômicos.

Abbott, que chegou à região ontem à noite, visitou hoje na ilha Mer o túmulo do ativista indígena Eddie Koiki Mabo, cuja campanha motivou que um tribunal emitisse a chamada “Decisão Mabo”, à qual se seguiu uma lei para reconhecer os direitos consuetudinários que os indígenas têm sobre as terras.

“É uma honra estar nesta ilha que foi tão importante para os povos indígenas e agora o é para toda a Austrália”, comentou o premiê ao chegar a Mer.

Abbott estabelecerá sua base em instalações militares na ilha Thursday antes de transferir-se à cidade de Bamaga, na região de Cape York, segundo a emissora local “ABC”.

Até oito ministros se unirão a Abbott durante o tempo que o premiê passará no Estreito de Torres como parte de sua promessa eleitoral de passar uma semana por ano em uma comunidade indígena.

“Passar uma semana ali, uma de 52, nos focando em assuntos indígenas não é muito, considerando a magnitude da negligência dos últimos séculos”, declarou no domingo o premiê durante uma viagem por remotas comunidades do estado da Austrália Ocidental, onde passou antes de dirigir-se ao Estreito de Torres.

Abbott já teve uma iniciativa similar quando em setembro do ano passado se dirigiu à região de Arnhem land, no norte da Austrália, para governar o país, mas a viagem foi interrompida pelo anúncio do envio de tropas australianas ao Oriente Médio na campanha contra o Estado Islâmico.

Mais de dois terços dos aborígines, que representam 1,6% da população de mais de 23 milhões de habitantes da Austrália, vivem em zonas rurais ou remotas em condições de pobreza e foram vítimas de políticas discriminatórias durante décadas. EFE