Presidente e ministros de Burkina Fasso são detidos por guarda presidencial

  • Por Agencia EFE
  • 16/09/2015 18h01

Nairóbi, 16 set (EFE).- O presidente de Burkina Fasso, Michel Kafando, e membros do governo de transição do país foram “feitos reféns” nesta quarta-feira por agentes da guarda presidencial, informaram fontes militares à imprensa local.

Junto ao presidente da transição, foram detidos o primeiro-ministro, Isaac Zida, e todos os ministros do governo do tenente-coronel, segundo a “Rádio Ômega”.

Burkina Fasso deve realizar eleições em outubro para pôr fim à transição civil iniciada há um ano, após os protestos que acabaram com quase três décadas de ditadura de Blaise Compaoré por causa do assassinato do ex-presidente Thomas Sankara.

“Todos os ministros foram tomados reféns por membros da segurança presidencial quando participaram de uma reunião nesta quarta-feira”, afirma a “Rádio Ômega”.

O portal de notícias “Burkina 24” afirma que “reina a calma” na capital do país, Ouagadogou, sem que a população saiba do que ocorreu no Palácio Presidencial e sem que nenhum grupo tenha reivindicado a detenção.

O incidente ocorreu dois dias depois de a Comissão de Reconciliação Nacional ter recomendado a dissolução do Regimento de Segurança Nacional (RSP) e, por consequência, a retirada de suas funções de proteger o líder do país.

O corpo de segurança, que aparentemente retém o presidente burquinês e os ministros, vive uma relação de tensão com o primeiro-ministro do país, que foi o “número dois” da guarda presidencial quando Compaoré estava no poder.

Os guardas da RSP acusam Zida de conspirar para permanecer no poder após o final do período de transição, que terminará assim que forem realizadas as eleições marcadas para o dia 11 de outubro.

Líderes das Forças Armadas também pediram a renúncia do primeiro-ministro e dos outros militares do alto escalão do governo para formar um Executivo integrado exclusivamente por civis.

Por outro lado, Zida tem denunciado nos últimos meses tentativas de prisão por parte da guarda presidencial.

Kafando, ex-embaixador de Burkina Fasso na ONU, foi designado presidente da transição em novembro do ano passado. Sua nomeação ocorreu pouco depois da tentativa de Compaoré de modificar o artigo 37 da Constituição, que o impedia de concorrer pela quinta vez consecutiva às eleições presidenciais.

A hipótese de continuidade de Compaoré no poder provocou uma onda inédita de protestos no país, que o obrigaram a renunciar e abandonar Burkina Fasso no dia 1 de novembro de 2014. EFE

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