Protestos se intensificam no sul de Tunísia durante visita ministerial

  • Por Agencia EFE
  • 11/02/2015 16h31

Tunísia, 11 fev (EFE).- Protestos se intensificaram nesta quarta-feira em Ben Gardan (sul da Tunísia), onde grupos de jovens lançaram pedras contra a polícia e queimaram pneus e contêineres durante a visita de dois ministros, informaram à Agência Efe fontes locais.

Os ministros de Desenvolvimento, Investimentos e Cooperação Internacional, Yassine Brahim, e de Economia e Finanças, Eslim Chaker, chegaram nesta manhã a esta região, na fronteira com a Líbia em busca de uma solução para os protestos e a greve geral que paralisa o sudeste da Tunísia há mais de uma semana.

A tensão disparou no domingo depois de um manifestante ser morto pela tropa de choque durante a repressão de um protesto que se tornou violento na cidade de Dhehiba, na fronteira com a Líbia.

Hoje, na chegada da delegação ministerial, vários grupos de pessoas se manifestaram na praça principal de Ben Gardan, a cerca de 40 quilômetros da fronteira, onde levantaram barricadas com fogo e enfrentaram com pedras as forças de segurança, que responderam com gás lacrimogêneo.

Ainda não se sabe se houve vítimas ou detenções.

Os ministros se reuniram com autoridades regionais do governo de Mednine, a poucos quilômetros de Ben Gardan, e com sindicatos, associações representativas da sociedade civil e cidadãos, como primeira medida do governo para tentar acabar com o protesto.

Os manifestantes reivindicam a aplicação de programas de desenvolvimento, mas principalmente a anulação de uma taxa de 15 euros que os cidadãos líbios são obrigados a pagar quando saem da Tunísia pelos postos fronteiriços de Ras Yedir e Dehiba.

Em reciprocidade, as autoridades fronteiriças líbias cobram desde outubro os cidadãos tunisianos uma taxa mais elevada, de 30 euros, para entrar no país, o que encareceu o comércio entre os dois países.

Pelo menos 36 mil famílias e jovens das duas regiões fronteiriças de Mednine e Tatawin vivem do comércio legal ou clandestino com o país vizinho, de onde trazem gasolina, alimentos e peças de substituição para automóveis, principalmente, com preços mais baratos em comparação com o resto do país.

As redes de contrabandistas também traficam armas, drogas e seres humanos.

Em comunicado, o Ministério de Desenvolvimento, Investimento e Cooperação assegurou hoje que o objetivo da viagem é aplicar as decisões adotadas pelo Executivo na segunda-feira, quando se estudou a possibilidade de retirar a polêmica taxa.

Mesmo assim, organizações sindicais convocaram uma greve geral nas províncias de Tataouine e Ben Gardan, que na terça-feira teve adesão majoritária e paralisou a região.

A Tunísia completou na semana passada sua transição política e enfrenta agora seu maior desafio, a normalização da sociedade e da economia, lastrada por três anos de transição e várias décadas de ditadura.

A recuperação da economia, caracterizada pela pobreza e com uma forte inflação é, junto da segurança e do auge do jihadismo, a preocupação mais urgente do país.

Segundo dados do Banco Mundial, mais de 300 mil toneladas de diversos produtos cruzam ilegalmente a cada ano a fronteira através da passagem de Ras Jedir e de toda a área limítrofe de Ben Gardan. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.