Putin: novas autoridades de Kiev queriam matar Yanukovich

  • Por Agencia EFE
  • 15/03/2015 10h53
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Moscou, 15 mar (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que os líderes que comandaram há um ano a revolta popular em Kiev preparavam o assassinato do então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich.

“Ficou claro para nós que estavam preparando não apenas seu sequestro, para os organizadores do golpe de Estado era preferível sua eliminação física”, disse o líder do Kremlin em um documentário sobre a reunificação da Crimeia à Rússia transmitido hoje pela televisão estatal russa “Rossia”.

Ao dar detalhes sobre o resgate de Yanukovich, Putin revelou que as forças especiais russas entraram no leste da Ucrânia em vários helicópteros para localizar o comboio do presidente deposto ucraniano que se dirigia a Crimeia por estrada de Donetsk.

“Quando me mostraram o mapa por onde ia, ficou claro que em breve cairia em uma emboscada. E mais, segundo nossa informação tinham plantadas metralhadoras de grande calibre para ele não falar demais”, denunciou o presidente russo.

Putin também revelou pela primeira vez as peripécias de Yanukovich após sua fuga de Kiev na madrugada de 22 de fevereiro de 2014, horas após assinar um acordo com a oposição para reformar a Constituição da Ucrânia.

Após chegar em Kharkiv, Yanukovich se deslocou para a vizinha Donetsk, de onde ligou para o presidente russo para solicitar um encontro.

Putin concordou em se reunir com o político ucraniano na cidade russa de Rostov do Don, mas pouco depois, os agentes do serviço de segurança de Yanukovich entraram em contato com o Kremlin para informar que não podiam sair do aeroporto de Donetsk, bloqueado pelas recém empossadas autoridades ucranianas.

“Estávamos preparados para tirá-lo de Donetsk, por terra, mar e ar. Na noite de 22 para 23 de fevereiro, quando acabamos a operação por volta das sete da manhã, disse aos colegas que deveríamos começar a trabalhar para recuperar a Crimeia para a Rússia”, reconheceu Putin.

Após a operação das forças especiais russas para tirar o líder ucraniano de Donetsk, o político foi para a Crimeia, e “somente vários dias depois, quando ficou claro que já não havia ninguém com quem fosse possível negociar em Kiev, pediu para ir para a Rússia”, explicou Putin.

“Portanto, durante vários dias, quando ainda se sucediam todos os eventos relacionados com o golpe de Estado em Kiev, permaneceu em território da Ucrânia” e não foragido na Rússia, como sustentavam as novas autoridades desse país, ressaltou o chefe do Kremlin.

Yanukovich, que reapareceu pouco depois em entrevista coletiva em Rostov do Don, encontra-se desde então na Rússia, embora não se saiba onde, como ou com quem vive.

A Interpol emitiu uma ordem de busca internacional contra o ex-presidente ucraniano por uma série de delitos financeiros pelos quais foi acusado pela justiça da Ucrânia, entre eles apropriação indébita e desvio de fundos públicos.

Após cerca de 100 pessoas morreram há um ano nos distúrbios de Kiev, as novas autoridades do país pediram ao Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, que o processasse por crimes contra a humanidade por sua responsabilidade na repressão das manifestações. EFE

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