Reino Unido considera legal inteligência rastrear Google e redes sociais
Londres, 17 jun (EFE).- O governo do Reino Unido considera a interceptação de buscas no Google e o uso das redes sociais é uma prática legal para os serviços de inteligência porque se tratam de “comunicações externas”, apontou um documento divulgado nesta terça-feira pela imprensa britânica.
O relatório, elaborado pelo diretor-geral do Escritório para a Segurança e Contraterrorismo do Reino Unido, Charles Farr, detalha a doutrina legal que regem os serviços de informação britânicos para rastrear dados na rede.
Segundo esse documento, a interpretação britânica é que não é necessária uma ordem judicial para vigiar o uso de buscadores como o Google e redes sociais como Facebook e Twitter.
“Uma busca feita no Google por um indivíduo no Reino Unido implica em uma comunicação a partir do computador de quem realiza essa busca com o servidor do Google, que será recebida fora das ilhas britânicas”, argumentou Farr.
“A outra comunicação, do Google até esse computador, é enviada de fora das ilhas britânicas”, por isso se trata de duas “comunicações externas”, concluiu o diretor-geral da agência, vinculada ao Ministério do Interior do Reino Unido.
O documento foi divulgado depois de ser tornado público pela organização Privacy International, que junto com outras ONGs, como Liberty e Anistia Internacional (AI), entraram com uma ação no Tribunal de Poderes de Investigação Britânico, o órgão que atende as queixas sobre a conduta dos serviços secretos.
As reivindicações sobre a espionagem na rede do governo britânico começaram por causa das revelações de Edward Snowden, ex-espião da Agência de Segurança Nacional americana (NSA).
Ano passado Snowden revelou o alcance dos programas dos Estados Unidos e do Reino Unido em acessar e-mails e comunicações de milhões de pessoas.
Diante da polêmica gerada no Reino Unido, o chamado centro de escutas britânico, GCHQ, garantiu em comunicado que as atuações “se desenvolvem de acordo com um restrito marco legal e normativo que garante que todas as ações estão autorizadas, são necessárias e proporcionadas”.
O vice-diretor da Privacy International, Eric King, afirmou hoje que a doutrina dos serviços de informação divulgada no documento de Farr “vai contra os direitos humanos fundamentais e inalienáveis” e que os britânicos “não aceitarão essas desculpas fajutas diante da perda de suas liberdades civis”. EFE
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