Reis Velloso critica volta da CPMF, mas aprova cortes anunciados pelo Governo
Resultado do mês ficou 12 pontos percentuais abaixo do registrado em fevereiro de 2014
dinheiroA recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), com alíquota de 0,2%, é um retrocesso na avaliação do ex-ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Velloso, para quem a medida “não faz sentido. O que faz sentido são cortes, porque a despesa do governo está muito alta. É preciso cortar despesas. São 39 ministérios e mais de 100 autarquias. A despesa do Poder Executivo é uma coisa impressionante e também dos outros Poderes (Legislativo e Judiciário)”.
A recriação do tributo foi anunciada nesta segunda-feira (14) pela equipe econômica do governo, entre as medidas para redução de gastos tributários e aumento de receita, para ajudar a fazer superávit primário (economia para pagar os juros da dívida) no próximo ano. Segundo Reis Velloso, é preciso fazer investimentos para que o país volte a crescer, “e não essa história de ficar aumentando impostos. O Brasil já tem uma carga tributária igual à dos Estados Unidos”.
Superintendente geral do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), Reis Velloso promove no Rio de Janeiro, a partir de amanhã (15), sessão especial do Fórum Nacional, do qual é presidente, cujo tema central é O Brasil que queremos – Nova grande concepção: sair da crise e enfrentar os desafios do alto crescimento, integrando-se à nova revolução industrial para aproveitar a magia das grandes oportunidades.
Na avaliação do economista, para sair crise o Brasil precisa trocar a visão de curto prazo pela de médio e longo prazo. Ele vai propor na sessão especial do Fórum Nacional a elaboração de um Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), “para tirar o país da crise e fazer o Brasil crescer, porque nós estamos em uma recessão. Esse é o rumo”.
O PND teria um horizonte de, pelo menos, cinco anos, “ou talvez até 2022, quando se comemora o centenário da Independência, para sair da crise e começar a crescer no mínimo 5% ao ano”. Simultaneamente à adoção desse novo PND, o governo deveria investir em educação, sugeriu, “porque existe aí uma nova revolução industrial e se o Brasil não tomar cuidado, a nossa educação vai ficar completamente superada. Temos que atentar para isso”.
Reis Velloso tem experiência em enfrentar crises. Ministro do Planejamento de 1969 a 1979, durante os governos dos generais Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, foi responsável pelo lançamento de um PND, em 1974, na época da crise do petróleo. Naquela época, ele lembra que o Brasil importava 85% do petróleo que consumia e que em outubro de 1973, o preço do petróleo no mercado internacional saltou de US$ 2 para US$ 12 o barril, em apenas dez dias. “E ainda havia um outro problema que eu chamo de o “ovo da serpente”, que vinha desde os anos 1950. Nós importávamos os insumos industriais básicos e éramos altamente competitivos nessa área”, diz o ex-ministro.
Por isso, segundo ele, o Brasil tem que ter uma visão de médio e longo prazo para poder saber o que fazer agora: “Temos que investir muito em infraestrutura para aumentar a competitividade internacional do Brasil”.
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