Relevadas mais cartas que mostram tentativa de Charles de influenciar governo

  • Por Agencia EFE
  • 04/06/2015 13h44

Londres, 4 jun (EFE).- O governo britânico revelou nesta quinta-feira uma nova remessa de correspondências do príncipe Charles, que mostram suas tentativas de influencias vários ministros em assuntos como introduzir a homeopatia no sistema público de saúde, melhorar a comida dos hospitais e aumentar os recursos para projetos culturais.

Por causa de uma batalha legal iniciada pelo jornal “Guardian” há dez anos, mês passado foram tornadas públicas 27 mensagens que o herdeiro do trono britânico trocou com membros do Executivo de Tony Blair entre 2004 e 2005, nas quais, entre outros assuntos, eram discutidas as condições das tropas britânicas no Iraque.

Entre as 17 mensagens divulgadas hoje, escritas entre 2007 e 2009, dez foram trocadas com os ministros de Saúde trabalhistas Alan Johnson e Andy Burnham.

Charles se mostrou favorável a generalizar e integrar o uso de remédios alternativos à medicina no sistema público de saúde.

O príncipe expressou sua preocupação com as “ameaças” que os centros especializados em homeopatia sofrem e ressaltou seu interesse em promover os remédios alternativos, “apesar das ondas de impropérios que lançadas ao longo dos anos pela classe médica e científica”.

Em uma de suas respostas, Johnson diz a Charles que alguns centros médicos deixaram de financiar a homeopatia ou estão em processo de adotar essa medida após iniciar uma “revisão clínica”.

Em 2010, um ano depois das últimas cartas do príncipe Charles divulgadas hoje, um relatório elaborado pelo Comitê de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Comuns concluiu que a homeopatia tem uma eficácia semelhante a do placebo e que qualquer efeito sobre a saúde se deve à crença dos pacientes nesses remédios.

Em sua correspondência com os responsáveis de Saúde, o príncipe de Gales também apresentou seu interesse na melhora do serviço de refeitório nos centros públicos e se interessou pela gestão dos alimentos que sobram nas cozinhas dos hospitais.

Em outras cartas do herdeiro ao trono são abordados temas culturais e artísticos, como a necessidade de recuperar edifícios e pontos históricos que permanecem em estado de “abandono” no Reino Unido.

Em uma carta de 2009, Charles cumprimentou o recém-nomeado ministro da Cultura, Ben Bradshaw, por haver “ascendido no mundo” e sugeriu dedicar recursos à reparação desse legado histórico que, situado frequentemente em “regiões deprimidas”, faria “uma grande diferença” nesses lugares.

“Minha Fundação pela Regeneração trabalhou durante muitos anos para ajudar a iniciar esse tipo de projetos e minha experiência foi invariavelmente diz são um grande sucesso”, indicou o primogênito de Elizabeth II.

Dois anos antes, Charles tinha escrito à secretária de Estado de Habitação, Yvette Cooper, hoje candidata à liderança do Partido Trabalhista, para abordar a necessidade de construir imóveis em enclaves rurais.

Em resposta, Cooper afirmou que sustenta “a sólida opinião de que a Fundação do Príncipe deveria desempenhar um papel significativo no fomento e no projeto destes elementos de cidades sustentáveis”.

Em comunicado, a Clarence House, residência oficial do príncipe, afirmou hoje que as cartas somente mostram a “preocupação de Charles com o Reino Unido e o mundo em geral”. EFE

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