Rússia veta criação de tribunal para caso de avião derrubado na Ucrânia

  • Por Agencia EFE
  • 29/07/2015 17h58

Nações Unidas, 29 jul (EFE).- A Rússia vetou nesta quarta-feira no Conselho de Segurança da ONU a criação de um tribunal internacional para investigar e julgar o caso do voo MH17 da Malaysia Airlines, derrubado há um ano na Ucrânia com 298 pessoas a bordo.

Como havia antecipado o presidente Vladimir Putin, a Rússia se opôs ao projeto de resolução impulsionado por Austrália, Bélgica, Malásia, Holanda e Ucrânia, países que formam o grupo que investiga a catástrofe. Além do “não” de Moscou, o texto recebeu 11 votos a favor e três abstenções: China, Venezuela e Angola.

A votação voltou a evidenciar a divisão entre Ocidente e Rússia, que pela segunda vez neste mês vetou uma resolução no Conselho, após ter freado outra sobre o massacre de Srebrenica.

Ucrânia e Ocidente acusam os separatistas pró-Rússia do leste desse país de disparar os projéteis que supostamente derrubaram o voo MH17, algo que é negado pela Rússia, que acusa as autoridades ucranianas de esconder provas.

O Conselho de Segurança da Holanda, que lidera a investigação técnica do fato, responsabiliza um míssil Buk terra-ar disparado pelos rebeldes pela queda do aparelho, segundo uma minuta do relatório que deve ser oficializado nos próximos meses.

A Rússia, que no ano passado respaldou na ONU outra resolução para impulsionar um processo que esclarecesse os acontecimentos, colocou em dúvida hoje a imparcialidade das investigações e argumentou que não há bases para se criar um tribunal internacional sobre este caso.

O embaixador russo, Vitaly Churkin, acusou os promotores da iniciativa de darem “mais importância a seus objetivos políticos” do que a conseguir verdadeiros avanços por terem seguido adiante com a votação, apesar de saberem que seu país se oporia.

Churkin lembrou que a Rússia propôs outro texto alternativo e disse que o país segue “disposto a cooperar em uma investigação internacional”.

“A postura de hoje não tem nada a ver com promover a impunidade”, declarou.

A embaixadora americana, Samantha Power, criticou duramente a postura russa e acusou o governo de Putin de tentar “negar Justiça” às vítimas e de ignorar o clamor da população nos países afetados.

“Embora estejamos indignados e muito decepcionados pelo resultado deste voto, hoje podemos dizer às famílias que nenhum veto impedirá que este horrendo crime seja investigado e perseguido”, disse Power.

O Conselho de Segurança começou sua reunião com um minuto de silêncio em memória das vítimas e contou com a presença de vários ministros dos países mais afetados.

Na queda do avião, que fazia o voo Amsterdã-Kuala Lumpur, morreram 193 holandeses, 44 malaios, 27 australianos, 12 indonésios, nove britânicos, quatro belgas, quatro alemães, três filipinos, um canadense e um neozelandês. EFE

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