Santos diz que atentados das Farc não provocarão cessar-fogo bilateral

Bogotá, 13 jun (EFE).- O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, condenou neste sábado o assassinato de um tenente-coronel da polícia por uma guerrilha das Farc e garantiu que ações como essa não o levarão a pactuar um cessar-fogo bilateral pois, ao contrário, deu ordens de intensificar a ofensiva militar.

O chefe de Estado, que está em viagem à Europa, falou com jornalistas colombianos em Roma, onde se referiu ao atentado de ontem que custou a vida do tenente-coronel da polícia Alfredo Ruiz Clavijo, do patrulheiro Juan David Marmolejo e de um civil.

“Se com estes atos covardes, insensatos, as Farc pretendem me levar a uma cessação bilateral do conflito se equivocam, a ordem para as Forças Militares, reiterei esta manhã, é aumentar, é manter a ofensiva militar, é combater em todas as formas este terrorismo”, disse.

O tenente-coronel e as outras duas pessoas foram assassinados ontem em um atentado com explosivos em uma estrada entre Córdoba e Ipiales, no departamento de Nariño, na fronteira com o Equador, arrematados com tiros, segundo o diretor da polícia, general Rodolfo Palomino.

As Farc intensificaram em 22 de maio suas ações especialmente no sul do país, com ataques contra membros da polícia e infraestruturas energética, petrolífera, viária e de água potável.

O grupo guerrilheiro insiste que deve ser assinado um cessar-fogo bilateral enquanto a paz é negociada em Havana, opção que Santos considera uma “linha vermelha” que não ultrapassará.

O presidente lembrou que, quando foi acordado o início do processo de paz com as Farc, há mais de 30 meses, ficou combinado que a negociação seria feita “no meio do conflito” e que ele mesmo traçou “linhas vermelhas que não seriam ultrapassadas e nada disso mudou”.

Santos assinalou que após o cessar-fogo unilateral que as Farc iniciaram em dezembro e romperam em maio, os guerrilheiros “retomaram procedimentos que não têm nenhuma lógica, retomaram ataques puramente terroristas porque já não têm capacidade para enfrentar a polícia”.

Os recentes atentados contra torres de eletricidade, que deixaram cidades inteiras do sul da Colômbia sem energia durante dias, ou os cometidos contra oleodutos, que contaminaram rios e terras de camponeses, somados ao assassinato do tenente-coronel e do patrulheiro, são atos de insensatez que, segundo Santos, danificam a já minguada confiança dos colombianos no processo de paz.

“Em poucos dias, com sua insensatez, (as Farc) bateram duramente na confiança dos colombianos no processo que estamos realizando”, manifestou.

Santos enfatizou que, apesar destes ataques, não desistirá de buscar a paz. “Mas reitero, não a qualquer preço”.

Ele lembrou que “não ultrapassará essas linhas vermelhas que tracei há dois anos e meio às claras e contundentemente. Estou disposto a gastar até o último centavo de meu capital político para conseguir a paz”, sentenciou.

EFE