“Somos nós que vamos aterrorizar os terroristas”, diz deputado franco-brasileiro

  • Por Jovem Pan
  • 19/11/2015 17h04
Arquivo pessoal Deputado Eduardo Cypel posa ao lado do presidente François Hollande

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o deputado franco-brasileiro Eduardo Rihan-Cypel afirmou que a França tem que poder se defender quando for ameaçada. “A República francesa tem que ser mais forte que o terrorismo. Não vai ser o terrorismo que vai derrotar a República francesa (…) Somos nós que vamos aterrorizar os terroristas”.

Após quase uma semana dos atentados realizados em Paris, que mataram 129 pessoas, o deputado do Partido Socialista – o mesmo do presidente François Hollande – alertou que os franceses não devem se submeter ao “terror que os terroristas querem colocar” em suas vidas. “Temos que resistir. Junto ao sentimento de medo tem também um espírito de resistência. Imediatamente depois dos ataques, a juventude francesa se manifestou dizendo que iam continuar indo às ruas e que nenhum terrorista irira tirar a nossa liberdade”, disse.

Cypel destacou a luta contra o terrorismo e disse que esta será “implacável e sem piedade” contra aqueles que querem destruir a França. “Uma grande democracia pode lutar de maneira radical e eficiente sem sair dos fundamentos do Estado de Direito”, disse o deputado.

Ele ainda completou: “de maneira radical e implacável, mas com as armas da democracia. Não temos a intenção de invadir um país sem legalidade. Não temos a intenção de criar uma Guantánamo e torturar pessoas”.

Jovens jihadistas

Jovens que nasceram na França e, muitas vezes, não se sentem inseridos na sociedade procuram na radicalização um modo de reinserção. Segundo Eduardo Rihan-Cypel, o problema é mais complexo do que apenas esse modo de reinserir o jovem na sociedade francesa.

“É a radicalidade. O trabalho não é apenas militar, é político também (…) É preciso detectar o mais cedo e mais rápido possível, por toda a sociedade, quando um jovem está em processo de radicalização”. Para ele, o trabalho exige um esforço conjunto entre a sociedade francesa e aos poderes públicos.

“Temos que lutar para expulsar os imãs, que são radicais e que têm um discurso de radicalização, ódio e facilitam a ideologia jiihadista (…) Infelizmente o risco zero não existe”, alertou.

Clima entre os franceses

Além dos atentados em Paris, um professor de um colégio judeu em Marselha, no sul da França, foi atacado a facadas nesta quarta-feira (18) por três homens que gritaram expressões antissemitas. Há um clima de intolerância na França como um todo.

“A França já tinha sido atacada em janeiro deste ano [ataque ao Charlie Hebdo], mas os franceses sentem que cada um deles podem ser alvos e não só certa parte da população. Qualquer lugar público pode ser alvo. O povo francês está com medo. É um sentimento diferente de janeiro. Eles se sentem vulneráveis, mas aos poucos vão tocando a vida com normalidade, mas com certo nível de lucidez sobre a situação”, explicou.

Segundo o deputado franco-brasileiro, o país está conhecendo um nível de ameaça terrorista “muito alto e de longo prazo”, ao que ele afirmou que será a realidade da população “durante alguns meses e anos”.

Nesta quarta-feira (18), o presidente François Hollande, disse que os franceses não podem “ceder ao medo” e que devem “retomar completamente a vida” cultural do país. “O que seria nosso país sem cafés, espetáculos, eventos esportivos, museus?”, disse durante encontro com prefeitos.

Brasileiros na França

Para Eduardo Rihan-Cypel, os brasileiros residentes na França se sentem da mesma forma que os locais. “Medo, vigilância, interrogação do motivo dos ataques. AO mesmo tempo raiva, vontade de resistência. Acho que todo mundo sente esse tipo de sentimento complexo”, disse.

Turismo na França

Locais chegaram a ser fechados por motivos de segurança, estádio evacuado por ameaça de bomba. O deputado afirmou que muitas pessoas anularam seus projetos para sair de casa.

“Acho que as pessoas estão moderando as suas vidas turísticas. São reações humanas que me parecem normais, naturais. Mas acho importante falar que estamos fazendo o máximo para garantir a segurança”, finalizou.

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