SP: mais de 30% dos distritos não têm leitos hospitalares, mostra relatório
Dos 96 distritos do município de São Paulo, 30 não têm leitos hospitalares, mostra relatório da organização não governamental Rede Nossa São Paulo, divulgado hoje (19). O Mapa da Desigualdade compara indicadores das diferentes regiões da capital paulista com base em dados econômicos e sociais.
A melhor situação neste item foi verificado no Jardim Paulista, bairro nobre da zona oeste, que tem 35,53 leitos por mil habitantes (hab). Na outra ponta, estão distritos como Vila Medeiros, na zona norte, com proporção de 0,04 leitos por mil/hab, representando uma diferença de mais de 880 vezes. O dado considera leitos públicos e privados.
O coordenador geral da rede, Oded Grawej, destaca que há grandes diferenças entre o número de equipamentos públicos disponíveis nas regiões mais centrais e a periferia. “Para onde vai o recurso é uma decisão política e também depende da pressão de determinados setores da sociedade. Pelo visto, o setor da sociedade mais rico, que tem melhores indicadores, tem levado vantagem, porque a gente vê o resultado que está aí: a cidade é muito desigual.”
Em relação aos leitos hospitalares, a média da cidade é 2,99 por mil/hab, sendo que a meta é 2,5 a 3 leitos por mil/hab, conforme referência do Ministério da Saúde.
O relatório também traz indicadores na área da cultura. Sessenta distritos do município não têm nenhum centro, espaço ou casa de cultura. Isso ocorre mesmo com o número na cidade com aumento de 65, em 2006, para 95, no ano passado.
A maior proporção (número de equipamentos por 10 mil/hab está na região da Sé, com 3,62, enquanto o Sacomã, na zona sul, o índice é 0,04 por 10 mil/hab. As salas de cinema, por sua vez, não são encontradas em 59 distritos, como Cangaíba, na zona leste e Sacomã. A Barra Funda, zona oeste, tem a melhor situação da cidade: são 9,48 cinemas para cada 10 mil/hab. O município tem, ao todo, 344 salas. A média geral é 0,3 por 10 mil.O secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eduardo Suplicy, avalia este relatório serve de alerta e de suporte para orientação das políticas públicas. “É importante que isto esteja assinalado para todos nós e, na hora de se pensar na construção de novas escolas, centros culturais, todos esses indicadores serão um instrumento formidável”, avaliou após participar do evento de apresentação dos dados.
As desigualdades entre centro e periferia também se refletem no tema da segurança pública. Estão concentrados nos extremos do município, os distritos com maior proporção de mortes violentas na faixa etária de 15 a 29 anos por 10 mil habitantes. Embora as mortes tenham reduzido, fazendo com a média da cidade passasse de 9,77 mortes por 10 mil/hab, em 2005, para 4,63 por 10 mil/hab, no ano passado, distritos como Marsilac, no extremo sul, ainda tem taxa de 28,6 mortes. A menor taxa de mortes entre a juventude é verificada no distrito Vila Mariana, também na zona sul, com 0,64. Os índices representam uma diferença de mais de 44 vezes entre a realidade e os dois distritos da zona sul.
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