Talibãs afegãos advertem Estado Islâmico que não os querem em seu território

  • Por Agencia EFE
  • 16/06/2015 12h26

Cabul, 16 jun (EFE).- Os talibãs do Afeganistão advertiram nesta terça-feira o autoproclamado califa do grupo insurgente Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al Baghdadi, que a atual luta “contra a América e seus títeres” no Afeganistão deve acontecer somente sob a bandeira talibã e ameaçou represálias por sua presença no país.

Em carta dirigida a Baghdadi, o número dois dos talibãs, o mulá Akhtar Muhammad Mansoor, pediu que o EI não “dê margem aos talibãs para reagir contra eles” e indicou que a aparição de novos grupos jihadistas em território afegão representa um risco para as conquistas alcançadas por sua formação.

“O Emirado Islâmico do Afeganistão (IEA, como os talibãs se denominam) só reconhece e autoriza a jihad (guerra santa) sob a bandeira do IEA e insiste na unidade das fileiras mujahedins contra os infiéis do mundo”, disse Mansoor.

Dirigindo-se a Baghdadi, indicou que os talibãs não “interferirão em seus assuntos e esperam o mesmo”, em um momento em que ambas as facções se enfrentam pelo controle de várias áreas do leste e do oeste do país.

Os talibãs alegaram que seu papel no Afeganistão está amparado por 1.500 ulemás, ou doutores da fé islâmica, por isso o estabelecimento de novos grupos jihadistas no mesmo território vai contra a lei islâmica e prejudica “as metas espirituais dos mujahedins”.

Respeitado por “heróis da jihad”, como Osama bin Laden, o movimento talibã está, segundo Mansoor, “perto da vitória” com a iminente retirada das tropas americanas, resultado de 13 anos de guerra contra o governo afegão e os Estados Unidos.

Ontem, pelo menos sete talibãs morreram, seis ficaram feridos e 20 foram capturados em choques com membros do EI na província oriental de Nangarhar, como já ocorreu em vários pontos do país nas últimas semanas.

Em abril o presidente afegão, Ashraf Ghani, confirmou a responsabilidade do Estado Islâmico no primeiro atentado reivindicado por esse grupo no país, e advertiu que o Afeganistão enfrenta “um novo tipo de guerra por parte de terroristas estrangeiros”.

A Otan encerrou em 2014 sua missão de combate no Afeganistão, a Isaf, substituída desde janeiro por uma operação com quatro mil soldados em tarefas de assistência e capacitação, e que será seguida por outra liderada por civis, mas com um componente militar.

Os Estados Unidos manterão 9.800 militares até final do ano como parte de sua missão “antiterrorista” no Afeganistão. EFE

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