Uber e outros aplicativos terão de comprar crédito para atuar em SP
Foto ilustração do logotipo do Uber diante de uma faixa reservada para táxis
Foto ilustração do logotipo do Uber diante de uma faixa reservada para táxisAplicativos como o Uber e empresas de transporte de passageiros deverão adquirir créditos por quilometragem para operar na cidade de São Paulo. Para tentar regular o serviço da empresa norte-americana Uber, a Prefeitura de São Paulo apresentou em meio a protesto de taxistas nesta terça-feira, 29, um decreto que vai à consulta pública e propõe a criação de novo modelo de transporte individual. O período de participação da sociedade é de 30 dias a partir desta terça-feira.
Com a medida, o prefeito Fernando Haddad (PT) pretende incluir o Uber em uma estratégia de regularização dos motoristas por meio do pagamento de valores flexíveis ao poder municipal. Segundo a Prefeitura, o dinheiro arrecadado será investido em políticas públicas para a melhoria do viário.
Os créditos têm validade de dois meses e podem ser comprados semanalmente. A compra do crédito será feita por empresas operadoras e credenciadas junto à Prefeitura, na nova categoria de Operadoras de Transporte Credenciadas (OTCs). Empresas como o Uber terão de se credenciar como OTC e cadastrar os motoristas interessados em operar o serviço na cidade. A Prefeitura propõe que 15% dos créditos sejam utilizados por motoristas mulheres.
O valor vai variar de acordo com a quilometragem percorrida, o horário da viagem, o local de embarque e o compartilhamento do serviço – em até 4 usuários. O crédito será calculado com base em quatro fatores. No horário de pico, por exemplo, o crédito tende a ser mais caro. A proposta da Prefeitura é desincentivar o uso excessivo do viário urbano nos horários mais complicados para o trânsito. Na madrugada, portanto, o valor tende a ser menor.
Se não for uma viagem compartilhada, o crédito tende a ser mais caro. Se for compartilhada, barateia. Com acessibilidade para deficientes, o valor do crédito cai. De acordo com o decreto, a autorização para realizar compartilhamento de corridas de até 4 passageiros torna-se obrigatória em seis meses.
O pagamento dos usuários será feito eletronicamente e os motoristas somente poderão atender os usuários por aplicativo. Segundo o presidente da SPNegócios, Rodrigo Pirajá, o preço dos créditos é flexível e será controlado pela Prefeitura, para que a gestão possa influenciar os horários e locais de atuação dos aplicativos. Pirajá afirmou que, além do Uber, outros quatro aplicativos poderão ser OTCs. “Conversamos com a academia, com economistas, juristas e potenciais operadoras”, explicou.
Os motoristas deverão possuir carteira profissional de habilitação com autorização para exercer atividade remunerada e cadastro similar ao CONDUTAX, que ainda será discutido.
Defensor dos taxistas, o vereador Adilson Amadeu (PTB) participou da apresentação da proposta e ameaçou derrubar o decreto na Câmara Municipal. “Já falei com mais de trinta vereadores. Hoje foi só uma mostra da categoria (de taxistas). A Prefeitura está privilegiando os ilegais”, disse, exaltado, acrescentando que vai se dedicar desde o dia 1° de janeiro à não aprovação do decreto.
Apontando o dedo para o presidente da SPNegócios, Amadeu afirmou que a administração municipal faz o debate sobre o Uber “de maneira absurda e errada” e que “tem vergonha de defender” projetos da Prefeitura na Câmara. O vereador saiu da sala de coletiva sem debater com os representantes da gestão que expuseram o projeto.
Em seguida, o vereador José Pólice Neto (PSD), que também era ouvinte na sala e é favorável à regulamentação do Uber, elogiou a iniciativa do Executivo e disse que a opinião de Amadeu não representa a Casa. “Taxista e nenhum vereador é dono da cidade”, afirmou.
Histórico
É a segunda tentativa da prefeitura para regulamentar o Uber ao transporte de passageiros no município, o que tem sido contestado pelos taxistas. A empresa Uber é proibida por lei municipal de prestar seu serviço na capital paulista. O texto foi aprovado pela Câmara Municipal em setembro e sancionado por Haddad em outubro.
Entretanto, graças a uma emenda apresentada pelo Poder Executivo ao projeto da Câmara, foi feita uma brecha que permitiu à Prefeitura criar um grupo de estudos para discutir a regulamentação da Uber.
Uber
Em nota, o Uber afirmou que Haddad “mostrou mais uma vez um forte compromisso com a cidade e seus cidadãos, criando uma regulamentação específica e muito inovadora para o uso intensivo da infraestrutura urbana de São Paulo”. Além disso, o texto diz que a nova regulação é “única no mundo”.
“A Uber afirma que participará desta consulta pública, enviando suas contribuições para fazer com que esta regulação seja o mais inovadora e inclusiva possível, incentivando os paulistanos a fazer o mesmo. A Uber continua operando, oferecendo a todos um modo alternativo, seguro e de qualidade para se locomover por São Paulo”, informou a empresa.
Carona solidária
No decreto, a Prefeitura regula ainda a atividade de carona solidária, definida como atividade sem fins lucrativos. Diferentemente da proposta que vai orientar o serviço de empresas como Uber, a proposta é que o pagamento da carona solidária seja por rateio. Não há exigências porque o modelo é de divisão de custos entre motorista e passageiro.
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