Ucrânia e Rússia realizam primeira troca de soldados que cruzaram fronteira

  • Por Agencia EFE
  • 31/08/2014 14h05

Boris Klimenko

Kiev, 31 ago (EFE).- A Ucrânia e a Rússia efetuaram neste domingo a primeiro troca de soldados que cruzaram a fronteira comum desde a explosão do conflito ucraniano, embora Kiev mantenha que os dez paraquedistas russos libertados entraram em seu território intencionalmente.

“As negociações não foram nada fáceis. Contudo, reinou o bom senso e tudo terminou bem. O principal é que os meninos já estão conosco na Rússia. Quero ressaltar que nós nunca abandonamos os nossos”, disse à imprensa Alexei Ragozin, comandante adjunto das Tropas Aerotransportadas da Rússia.

Esses dez soldados russos foram aprisionados em 25 de agosto após atravessar ilegalmente a fronteira, incidente que confirma, segundo o comando militar ucraniano, a presença de tropas regulares russas em seu território para ajudar os separatistas pró-Rússia.

Ao considerar que entraram conscientemente na Ucrânia em carros de combate e blindados, embora não ofereceram resistência, os paraquedistas foram detidos, interrogados e transferidos a Kiev, onde foi ventilado iniciar contra eles um caso penal.

Os soldados russos, que foram capturados junto à cidade de Dzerkalni, cerca de 20 quilômetros da fronteira com a Rússia, inclusive foram protagonistas de um vídeo divulgado pelas forças de segurança ucranianas.

No entanto, os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Petro Poroshenko, resolveram este assunto durante a recente cúpula de Minsk.

“Essa é a verdade. Acho firmemente que se perderam, já que a fronteira não estava sinalizada”, assegurou nesta semana Putin.

O líder russo aproveitou para lembrar que os soldados ucranianos que cruzaram a fronteira para fugir dos combates sempre foram bem tratados e, no caso dos feridos, inclusive hospitalizados.

“Em uma ocasião foram 450 soldados, e há muito pouco 60, e muitos armados. Houve casos em que entravam em nosso território e diziam que se tinham perdido a bordo de seus blindados”, assinalou Putin.

Por sua vez, Ragozin tachou hoje de “inadmissível” o fato de que os soldados fossem detidos durante tanto tempo e inclusive fossem enviados a Kiev.

“Por outro lado, centenas de soldados ucranianos que foram parar em território russo foram entregues imediatamente à Ucrânia após receber todos os tipos de assistência”, afirmou.

Por sua vez, a Rússia entregou à parte ucraniana 63 membros da Guarda Nacional que tinham cruzado a fronteira após solicitar autorização russa para fugir dos combates com os insurgentes.

“Cruzaram a fronteira em 27 de agosto”, disse Ragozin, que explicou que os ucranianos tinham sido transferidos a um acampamento habilitado na região de Rostov, onde receberam toda atenção necessária.

Os insurgentes da autoproclamada república popular de Donetsk também informaram hoje sobre a libertação de mais de 200 soldados ucranianos que tinham sido feitos prisioneiros durante as últimas semanas.

Contudo, hoje, segundo Igor Lisenko, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa ucraniano, outro grupo de paraquedistas russos foi aprisionado na saída de Ilovaisk, segundo informa a agência “UNIAN”.

Lisenko explicou que, como a Ucrânia e Rússia não estão em guerra, os soldados russos não são prisioneiros de guerra, mas detidos.

Por sua vez, segundo meios de comunicação locais, uma parte das tropas ucranianas parece ter quebrado o cerco ao qual eram submetidos há dias pelos separatistas na cidade de Ilovaisk, epicentro do contra-ofensiva insurgente.

Segundo a imprensa local, milicianos fortemente armados teriam rodeado durante dias milhares de soldados governamentais com a ajuda das tropas e carros de combate russos.

Enquanto isso, segundo os separatistas, mais de 120 soldados ucranianos teriam morrido ou ficado feridos nas últimas horas ao tentar romper o cerco sem aceitar depor suas armas.

O batalhão de voluntários “Crimeia” confirmou um grande número de baixas em suas fileiras, que teriam ocorrido quando as forças leais a Kiev foram atacadas no início da retirada através do corredor estipulado com os rebeldes.

“Esse é o corredor que a Rússia nos preparou: centenas de cadáveres e dezenas de prisioneiros. Não havia nenhum corredor. Nossa coluna foi baleada à vontade”, assinala a nota postada pelo batalhão em sua página do Facebook.

Putin chamou na madrugada da sexta-feira os rebeldes pró-Rússia a abrir um corredor para a retirada dos soldados ucranianos cercados, embora estes puseram como condição que as forças leais a Kiev abandonassem todo seu armamento.

A guerra é cada vez mais impopular na Ucrânia e, segundo as últimas pesquisas, só metade da população apoia a ofensiva contra os rebeldes pró-Rússia, enquanto um terço não concordam com a guerra que custou já a vida cerca de 800 soldados ucranianos. EFE

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