Ucrânia quer recuperar fronteira com a Rússia para ativar plano de paz

  • Por Agencia EFE
  • 16/06/2014 14h53
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Boris Klimenko.

Kiev, 16 jun (EFE).- A Ucrânia iniciará o plano de paz para o sudeste do país e declarará um cessar-fogo temporário assim que conseguir restabelecer o controle total da fronteira com a Rússia, agora parcialmente nas mãos dos separatistas pró-russos, anunciou o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, nesta segunda-feira.

“Estamos determinados a restabelecer a segurança na fronteira ainda nesta semana. Digo sinceramente: é o único impedimento para declarar o cessar-fogo”, disse Poroshenko ao abrir a sessão do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia.

O líder ucraniano conta com a força dos militares do governo apesar de as notícias que chegam da zona de combate perto da fronteira indicarem que será complicado cumprir o prazo estimado pelo presidente.

Embora o líder da autoproclamada república popular de Lugansk, Valeri Bolotov, tenha reconhecido que o exército tenta isolar seus combatentes e cortar qualquer acesso à fronteira, os pró-russos defendem com determinação os quase 200 quilômetros que controlam da linha fronteiriça.

“Na última semana conseguimos mudanças decisivas na fronteira (russo-ucraniana). O controle sobre mais de 250 quilômetros foi recuperado”, afirmou Poroshenko.

O líder ucraniano antecipou, por outro lado, que a cessação das hostilidades para negociar terá prazo.

“Seria irresponsável entrar em processo de negociação prolongada, porque não queremos negociar por negociar”, continuou Poroshenko sem detalhar se seu governo está disposto a dialogar com os separatistas, já que ele sempre negou de maneira categórica a legitimidade dos líderes da rebelião pró-russa e seus partidários, tachados por Kiev de terroristas.

Após o restabelecimento do controle da fronteira com a Rússia, o líder ucraniano pretende abrir um processo de desarmamento dos rebeldes “que será seguido por uma anistia para as pessoas que não cometeram delitos graves”, explicou os membros do Conselho de Segurança Nacional.

A Ucrânia considera vital fechar a fronteira com a vizinha Rússia antes de empreender qualquer outro passo para a pacificação de Donetsk e Lugansk, já que segundo Kiev metade dos 20 mil combatentes pró-russos que lutam na região vieram do país vizinho.

“Há entre 15 mil e 20 mil combatentes (rebeldes)”. Cerca de metade destes guerrilheiros mercenários chechenos e forças de elite do exército da Rússia”, disse o secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia, Andrei Parubi.

Criticado por muitos pela aparente inoperância das forças ucranianas nas campanhas militares no sudeste, Parubi denunciou “uma ocupação militar de fato pelo exército russo, que arma os milicianos e os envia ao leste de nosso país”.

O chefe do Conselho de Segurança Nacional, cuja renúncia foi exigida ontem pelo Maidan de Kiev (movimento popular que derrubou Viktor Yanukovich), tentou justificar a lentidão no avanço das tropas ucranianas com a intenção de “não permitir que haja mortes entre a população civil”.

Enquanto o presidente e o governo descartam a declaração da lei marcial e parecem inclusive apostar por um cessar-fogo, outros, como o partido Batkivshina, principal força política que sustenta o pacto que governa o país, pensa o contrário.

“Achamos que a declaração da lei marcial nas regiões de Donetsk e Lugansk pode nos permitir defender realmente os direitos e as liberdades de nossos cidadãos, por um lado, e de outro, aumentar a atividade das Forças Armadas”, disse o chefe do grupo parlamentar de Batkivshina, Sergei Sobolev.

A declaração do estado de exceção também foi lançada ontem desde o Maidan, na Praça da Independência de Kiev, e aplaudida por milhares de manifestantes que foram ao local mais simbólico da revolta contra Yanukovich.

Milhares de pessoas exigiram de Poroshenko mão dura com os rebeldes pró-russos e também com os responsáveis pela operação militar lançada contra os insurgentes.

A morte de 49 soldados ucranianos em Lugansk pelos separatistas pró-russos reavivou as reivindicações do Maidan para que os responsáveis pelas forças ucranianas sejam destituídos e tenham suas responsabilidades investigadas.

Na lista negra do Maidan estão os ministros de Interior e Defesa, os chefes dos serviços secretos e a Guarda de Fronteiras, além do próprio Parubi, todos eles membros do Conselho de Segurança Nacional e Defesa. EFE

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