UFRJ pode não ter dinheiro para honrar todos os compromissos a partir de setembro

  • Por Agência Brasil
  • 03/07/2015 17h44
RIO DE JANEIRO,RJ,08.06.2015:PROTESTO-RJ - Faixas de protesto são vistas na entrada do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, no Largo de São Francisco de Paula, centro do Rio de Janeiro (RJ), nesta segunda-feira (8). As faixas são de apoio a greve estudantil, contra o ajuste fiscal e cortes na educação. (Foto: jose lucena/Futura Press/Folhapress) Folhapress UFRJ

O acúmulo de dívidas na Universidade Federal do Rio de Janeiro ao longo deste ano, de mais de R$ 115 milhões, pode resultar em uma situação em que não será mais possível honrar todos os pagamentos a partir de setembro, segundo o novo reitor da instituição, Roberto Leher, que tomou posse nesta sexta-feira (3).

“As dívidas estarão se avolumando. Vai chegar um momento do ano, provavelmente a partir de setembro, em que as dívidas que estão se acumulando no primeiro semestre, hoje superiores a R$ 115 milhões, criarão uma situação em que a universidade já não será mais capaz de honrar todos os seus pagamentos”, alertou.

“Diante de um quadro como esse, estamos fazendo um imenso esforço para reduzir gastos, como o consumo de energia, mas será impossível cobrir um déficit superior a R$ 115 milhões”, revela o reitor da UFRJ.

O reitor afirma que a saída para essa situação é que o Ministério da Educação (MEC) repactue o orçamento das universidades federais e observe suas particularidades. No próximo dia 14, a reitoria da UFRJ terá uma reunião com o MEC para tratar dessas questões e Leher disse que espera compreensão: “Não temos problemas financeiros porque somos perdulários e estamos gastando de forma indevida, mas porque estamos com as nossas instalações muito degradadas, e investimentos públicos muito importantes foram feitos para a conclusão de prédios públicos inacabados. O povo brasileiro aloca muitos recursos nas suas universidades federais, e não podemos falhar naquilo que a população espera de nós, que é a pesquisa rigorosa e o ensino de qualidade, porque está faltando concluir restaurante universitário ou alojamento”.

Leher criticou o investimento em programas como Financiamento Estudantil, que, segundo ele, teve um orçamento de R$ 13,5 bilhões em 2014, mais que os R$ 9 bilhões investidos na expansão das universidades federais entre 2007 e 2014. O reitor argumentou que, cumprindo os compromissos com os alunos já matriculados, o governo deveria realocar recursos para as instituições públicas.

“Com uma ordem de grandeza dessa, num espaço de cinco anos estaríamos ofertando um número maior de matrículas que o sistema Fies e não teríamos dúvidas de que as matrículas seriam em instituições muito mais comprometidas com o conceito de formação integral dos estudantes e com as atividades de ensino, pesquisa e extensão”adirmou Leher.

Outra questão mencionada no discurso de posse do reitor foi a terceirização na universidade, que ele classificou de “nefasta”, apontando um aumento de 870 funcionários terceirizados para 5 mil servidores,  de 2010 a 2014. Leher afirmou que o ideal é o que o Ministério da Educação volte a possibilitar a abertura de concurso público para cargos como faxineiro, vigilante e técnico de laboratório e afirmou que pretende criar um processo seletivo para a contratação temporária desse profissionais: “É preciso que seja possível concursos para esses servidores, de modo que a universidade assuma para si esse pessoal e insira no seu planejamento estratégico a formação desses profissionais”.

Roberto Leher tem 54 anos e é professor titular da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em  Educação da UFRJ. É graduado pela própria UFRJ em Ciências Biológicas em 1984 e tem mestrado em educação pela Universidade Federal Fluminense e doutorado em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo. Leher foi eleito para um mandato que termina em 2019 e terá como vice-reitora a professora Denise Nascimento, da Faculdade de Odontologia.

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