Último dia de julgamento de líder uigur começa sem previsão de veredicto

  • Por Agencia EFE
  • 18/09/2014 04h54

Pequim, 18 set (EFE).- O segundo e último dia do julgamento por separatismo contra o acadêmico uigur Ilham Tohti começou nesta quinta-feira na região chinesa de Xinjiang sem que se espere que o tribunal anuncie hoje o veredicto.

“Ainda não podemos saber, mas é provável que lhe castiguem com até dez anos de prisão”, declarou o advogado Li Fangping a um grupo de jornalistas e diplomatas, pouco antes de entrar no Tribunal Popular de Urumqi, capital de Xinjiang, protegido por um forte dispositivo policial.

Segundo confirmou à Agência Efe outro dos advogados do intelectual, Liu Xiaoyuan, Tohti se declarou inocente das acusações durante o primeiro dia de julgamento ontem, no qual a promotoria alegou que o intelectual tinha liderado um grupo de separatistas de oito pessoas.

Nesse grupo se encontram alguns dos estudantes de Tohti na Universidade Minzu de Pequim, especializada em etnias.

Segundo alertam organizações de direitos humanos, se desconhece o paradeiro do número de estudantes detidos, que serão processados por um tribunal diferente ao de Tohti em um caso à parte.

“Tohti está muito preocupado com seus alunos”, segundo explicou hoje a Efe um diplomata europeu deslocado até Urumqi para apoiar o intelectual e estar em contato com os advogados do acusado, que está detido desde janeiro sem poder ver sua família até ontem, primeiro dia do processo.

Os advogados de Tohti, conhecido por ser uma das vozes da etnia uigur – cujos membros professam a religião muçulmana – na China, denunciaram que o intelectual sofreu maus-tratos psicológicos e físicos em seu período na prisão e calcularam que perdeu até 15 quilos nestes sete meses que passou encarcerado.

O intelectual foi detido em janeiro deste ano e oficialmente acusado de separatismo em julho, em um momento delicado para a comunidade uigur, depois que os incidentes violentos em Xinjiang se multiplicaram e que o regime comunista os tenha atribuído a terroristas uigures com laços com grupos jihadistas que buscam criar um estado independente nessa região.

No meio desta situação, organizações de direitos humanos e a extensa rede de ativistas na China alertaram que o regime chinês está utilizando o caso de Tohti para lançar uma mensagem e advertir sobre críticas a sua gestão em Xinjiang.

“Seu caso demonstra que Pequim não tolera nem as críticas mais moderadas, e isso é ainda mais alarmante”, comentou hoje à Efe Maya Wang, da Human Rights Watch na China. EFE

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