Único preso por massacre de Curuguaty é condenado por outro caso no Paraguai

  • Por Agencia EFE
  • 12/02/2015 22h08

Assunção, 12 fev (EFE).- Rubén Villalba, líder camponês e único preso pelo massacre de Curuguaty, que em 2012 provocou a cassação do então presidente do Paraguai, Fernando Lugo, foi condenado nesta quinta-feira a sete anos de prisão por um delito ocorrido em 2008 durante um protesto, disse à Agência Efe seu advogado, Gustavo Noguera.

Villalba foi condenado por sua suposta participação na retenção de um veículo da procuradoria que em 2008 averiguava uma denúncia dos proprietários de um sítio dedicada ao cultivo de soja em colônia Pindó.

Nesta propriedade, os camponeses protestavam alegando que os donos estavam fumegando o cultivo sem as mínimas medidas de segurança.

“Não se apresentou nenhuma prova documentada nem científica da participação de Villalba nos delitos pelos quais é acusado. A condenação se baseou unicamente nos testemunhos, que são de funcionários da mesma procuradoria que exerceu a acusação”, declarou Noguera.

O advogado anunciou que a defesa de Villalba recorrerá da condenação a prisão e considerou que o dirigente camponês é vítima de uma “perseguição política” que demonstra “a sanha do Estado contra as organizações sociais”.

A procuradoria solicitava para Villalba 12 anos de prisão pelos delitos de “privação ilegítima de liberdade, coação e coação grave” por sua suposta intervenção no que ficou conhecido como “caso Pindó”.

A causa foi reaberta em abril, quando o acusado, que se encontrava em prisão preventiva por seu suposto envolvimento no massacre de Curuguaty, seria beneficiado com uma medida de prisão domiciliar.

As autoridades revogaram a medida ao descobrir que Villalba estava implicado no “caso Pindó” e solicitaram seu reingresso na prisão de Tacumbú, onde o camponês tinha passado 58 dias em greve de fome para reivindicar sua liberdade.

Desde então, Villalba está em prisão preventiva por esta causa, embora seus advogados afirmassem que o prazo máximo de vigência desta medida para o delito do qual é acusado pelo “caso Pindó” era de seis meses.

Em outubro de 2014, depois que venceu este prazo de seis meses, Villalba iniciou uma nova greve de fome por sua libertação, que manteve durante 22 dias e que se viu obrigado a abandonar por razões de saúde.

No total, e após sua detenção em setembro de 2012 pelo massacre de Curuguaty, Villalba acumula 28 meses em prisão preventiva e três greves de fome, segundo sua defesa.

As mortes em Curuguaty de 11 camponeses e seis policiais ocorreram em um enfrentamento durante um despejo irregular de camponeses que tinham ocupado um sítio que queriam que fizesse parte da reforma agrária do país.

O incidente provocou a cassação uma semana depois do presidente Lugo, após um controvertido julgamento político no Congresso.

Os 13 camponeses acusados pelo massacre enfrentam acusações de invasão de imóvel alheio e associação criminosa, sendo que dez deles também são acusados de tentativa de homicídio dos policiais, enquanto não há ninguém acusado pela morte dos 11 camponeses.

O julgamento dos acusados, dos quais Villalba é o único que permanece em prisão, está fixado para o próximo mês de junho, depois de ter sido adiado pela Justiça em várias ocasiões. EFE

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