Uribe diz que acordos com as Farc são um “golpe de Estado à democracia”

  • Por Agencia EFE
  • 26/09/2015 11h41

Santiago do Chile, 26 set (EFE).- O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe considera que os acordos alcançados pelo governo de seu sucessor, Juan Manuel Santos, e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) atentam contra a democracia.

“O acordo com as Farc é um golpe de Estado à democracia”, opinou o ex-mandatário conservador (2002-2010) sobre o acordo de paz alcançado em 23 de setembro em Havana, segundo uma entrevista publicada neste sábado pelo jornal chileno “La Tercera”.

“As Farc foram responsáveis por mais de 2,7 mil desaparecimentos, são o maior cartel de cocaína do mundo, responsáveis entre 1998 e 2003 por 1.794 sequestros. E foram responsáveis, também, por mais de 20 mil recrutamentos de menores”, declarou o hoje senador do partido Centro Democrático.

Com o acordo de paz, os integrantes da guerrilha, na opinião do ex-presidente colombiano, “agora, não somente não vão ser levados à prisão, mas vai permitir a eles elegibilidade política sem restrições”.

“Isso é uma afronta à democracia”, insistiu Uribe, que garantiu que “o Exército da Colômbia não foi o Exército da ditadura”.

“Nossas Forças Armadas foram forças da democracia. Por isso rejeitamos que os ponham do mesmo ao mesmo com o terrorismo, como os pôs o governo de (Juan Manuel) Santos há cinco anos”, acrescentou.

No último dia 23, após quase três anos de negociações formais em Havana, o Executivo colombiano e as Farc se deram seis meses para alcançar um acordo de paz definitivo.

O acordo foi anunciado após o encontro na capital cubana entre o presidente Juan Manuel Santos e o líder da guerrilha, Rodrigo Londoño, conhecido como “Timochenko”.

A respeito, Uribe, em outra entrevista publicada neste sábado pelo jornal “El Mercurio”, disse que a criação de um mecanismo judicial que julgará todos os atores do conflito colombiano “significa impunidade para as Farc e só gerará mais violência”.

Com o objetivo de pôr fim a um conflito que em meio século tirou a vida de mais de 220 mil pessoas, o Executivo colombiano e as Farc iniciaram em 18 de outubro de 2012 conversas formais em Havana que, além de fixar 26 de março de 2016 como data limite para chegar a um acordo, avançaram em diversas áreas.

Estes acordos se referem ao acesso e uso da terra, à participação em política das Farc, ao narcotráfico e aos cultivos ilícitos, e à criação de uma comissão para o esclarecimento da verdade e a garantia da convivência. EFE

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