Violência cresceu depois de massacres nos presídios

  • Por Estadão Conteúdo
  • 16/01/2017 08h57
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Divulgação/Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas Fachada do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) em Manaus

O Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Sindicato RN vinham disputando o controle dos presídios potiguares e do comércio de drogas no Rio Grande do Norte desde 2015. O nível de violência do conflito, entretanto, mudou de patamar diante da guerra entre a facção paulista e as demais quadrilhas do País depois do massacre ocorrido em Manaus, no Amazonas, no dia 1º. O pano de fundo da disputa é o monopólio das rotas de distribuição de drogas vindas da América Latina para o Brasil.

O secretário de Estado da Justiça e da Cidadania do Rio Grande, Wallber Virgolino Ferreira da Silva, reconheceu a ligação entre a ação no Estado com as demais chacinas. “A situação no Norte estimulou aqui.”

O massacre de sábado (14), é o segundo promovido pela facção paulista depois da ação no Amazonas, organizado pela Família do Norte (FDN). O primeiro foi na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, Roraima, com 33 mortes. O mesmo modus operandi registrado nos dois Estados se repediu no RN: os mortos foram decapitados e expostos em vídeos distribuídos pelo WhatsApp. 

“No contexto nacional, o PCC é um grande articulador. Sabia-se que eles iam articular algo por aqui, uma vez que já tinham rivalidade com o Sindicato RN”, afirma o sociólogo Ivenio Hermes, do Observatório da Violência Letal do Rio Grande do Norte. 

Hermes cita a falta de controle por parte do Estado no interior das penitenciárias do RN como um fator que facilitou a ação de sábado (14). “A Penitenciária de Alcaçuz, por si, já é um grande problema. Construída no meio das dunas, com vários túneis sob a estrutura, e hoje fica a 12 metros de algumas casas. Das 12 guaritas, apenas cinco funcionam e não dão visão de toda a unidade.” 

Histórico

O Sindicato RN é uma facção maior que o PCC no Rio Grande do Norte e nasceu em 2015 como uma reação à presença paulista, registrada pelas autoridades desde 2010, segundo contou ao Estado, em agosto, o juiz de Execuções Penais Henrique Baltazar. A facção é aliada à FDN: Gerson Lima Carnaúba, o Mano G, um dos líderes do grupo do Amazonas, ficou um mês preso em Natal e se associou ao Sindicato. 

Enquanto o PCC tem o controle das fronteiras do Brasil com o Paraguai, exercendo influência em Mato Grosso do Sul e no Paraná, há uma disputa pela chamada Rota do Solimões, usada para escoar as drogas produzidas na Colômbia. Nesta rota, a facção paulista luta contra o Comando Vermelho, do Rio, e as facções do Norte e do Nordeste, aliadas contra os paulistas. “O leigo pode não saber, pode achar que é interessante que os bandidos se matem. Mas essas mortes fortalecem e tornam maiores as facções. Elas criam monopólios”, afirma o ex-secretário nacional de Segurança Ricardo Balestreri, que hoje vive em Natal.

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