Vitória de Al Sisi, com 96,9% dos votos, é oficialmente confirmada

  • Por Agencia EFE
  • 03/06/2014 18h15
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Belém Delgado.

Cairo, 3 jun (EFE).- O ex-chefe do exército, Abdul Fatah Al Sisi foi oficialmente confirmado nesta terça-feira como vencedor das eleições presidenciais do Egito, com 96,91% dos votos, em uma campanha na qual as previsões se cumpriram sem sobressaltos.

A Comissão Eleitoral confirmou a vitória arrasadora de Al Sisi na eleição, realizada entre 26 e 28 de maio, que registrou participação de 47,45%, ou seja, 25,5 milhões dos 54 milhões aptos a votar.

O adversário de Al Sisi, Hamdin Sabahi recebeu 3,09%, percentual menor até do que os nulos, que ultrapassaram o um milhão de votos (4,07%).

O presidente da Comissão Eleitoral, Anwar Rashad al Asi, defendeu em entrevista coletiva a decisão de estender a votação de dois para três dias pelas “altas temperaturas (no país)” e para permitir que os egípcios se deslocassem entre as províncias para exercer o direito ao voto.

Rashad afirmou que a participação foi de 10% no último dia e que a maioria dos eleitores optou por comparecer às urnas no começo da manhã e à noite, apesar de vários colégios terem ficado quase desertos durante os três dias.

A abstenção foi motivada, entre outros, pelo boicote da Irmandade Muçulmana e o movimento juvenil 6 de Abril, contrários ao regime derivado da derrocada do islamita Mohammed Mursi em 3 de julho do ano passado pelas mãos do exército.

Por outro lado, Rashad destacou que foram negados os recursos apresentados contra as decisões do comitê e que não houve “problemas significativos” que afetassem a transparência do processo, apesar da anulação da votação em 12 centros por irregularidades.

O presidente da comissão eleitoral lembrou que observadores da União Europeia, da União Africana, da Liga Árabe e de organizações locais acompanharam a eleição, que a UE já considerou que se desenvolveram “conforme a lei”, apesar da restrição existente as liberdades e direitos no Egito.

O contexto é oposto ao de dois anos atrás, quando Mursi venceu o ex-primeiro-ministro Ahmed Shafiq com 13,2 milhões de votos (51,73%) em eleições que tiveram 51,85% de participação.

Se na época os partidários do islamita foram às ruas celebrar a vitória no meio da divisão que podia ser vista no mesmo lugar onde os resultados foram anunciados, desta vez uma maré de pessoas foi dançar e cantar palavras de ordem como “Viva Egito”, enquanto canções patrióticas tocavam.

“Isto é uma demonstração para o resto do mundo”, afirmou à Agência Efe Mahmoud Abu Sayed, trabalhador do comitê eleitoral que garantiu, publicamente, que festejaria o triunfo de Al Sisi na praça Tahrir, no Cairo, mesmo lugar para o qual foi uma multidão de pessoas com bandeiras e retratos do ex-militar.

Em seu primeiro discurso à nação como presidente eleito, Al Sisi afirmou que “já chegou o momento de trabalhar para que o Egito rume a um futuro brilhante e a estabilidade volte a esta pátria”.

“O futuro é uma folha em branco que podemos preencher do modo que quisermos: com pão, liberdade, dignidade humana e justiça social”, destacou o ganhador das presidenciais, usando terno e gravata, em alusão às demandas popularizadas na revolução que derrubou Hosni Mubarak em 2011.

O agora presidente eleito também agradeceu a atitude dos egípcios e de seu oponente, e pediu unidade ao povo para saírem da crise.

Al Sisi recebeu rapidamente os cumprimentos do rei saudita, Abdullah bin Abdul Aziz, que convocou uma conferência de doadores para ajudar o Egito a superar as dificuldades econômicas.

A Arábia Saudita é uma das monarquias do Golfo, junto aos Emirados e ao Kuwait, que mais apoiou política e financeiramente as novas autoridades egípcias desde a queda de Mursi e da Irmandade Muçulmana.

Outros países árabes, como Jordânia e Marrocos também cumprimentaram Al Sisi, que dentro do Egito foi saudado pela máxima autoridade muçulmana do país, o mufti Shauqi Alam, e o papa copta (cristão), Teodoro II, dois líderes religiosos que já o acompanharam quando depôs a Mursi há apenas 11 meses. EFE

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