Zalmai Rasul, candidato no Afeganistão: nem corrupto nem “senhor da guerra”

  • Por Agencia EFE
  • 03/04/2014 17h24

Cabul, 3 abr (EFE).- De um político praticamente desconhecido para os afegãos, Zalmai Rasul passou a se posicionar como um dos favoritos para assumir a presidência do Afeganistão após as eleições.

Médico de formação e pertencente à etnia pashtun, majoritária no país asiático, Rasul, de 72 anos, não tem passado corrupto nem foi um “senhor da guerra”, ao contrário de outros candidatos.

O político escolheu para ser seu primeiro vice-presidente Ahmad Zia Massoud, irmão do lendário “Leão de Panjshir”, assassinado antes de 11/9, e, como seu segundo vice, Habiba Sohrabi, ex-governador da província de Bamiyan, o que foi interpretado como um afago às minorias.

No entanto, Rasul não é muito popular entre os eleitores, não é casado em um país onde o casamento é fundamental e não fala bem pachto, uma das duas línguas oficiais do Afeganistão e que o político ainda está estudando.

Rasul se aproximou do presidente em fim de mandato, Hamid Karzai, desde que ele ocupou o poder no país asiático, depois que as forças da Otan derrubaram os talibãs em 2001, quando assumiu a titularidade do Ministério de Transporte e da Aviação Civil.

Ministro das Relações Exteriores desde 2010, cargo que abandonou para concorrer às eleições, Rasul ocupou vários cargos de responsabilidade com Karzai e o acompanhou na maioria de suas viagens oficiais a outros países.

Apesar dos cargos públicos, até pouco tempo atrás Rasul não era muito conhecido pelos afegãos, mas agora é um dos três favoritos para ganhar eleições que significarão a retirada do poder de Karzai, que não se candidata a um terceiro mandato porque não a Constituição afegã não permite.

Os outros dois favoritos são Ashraf Gani Ahmadzai e Abdullah Abdullah.

Rasul conta, ainda, com o apoio de Abdul Qayum Karzai, irmão mais velho do presidente afegão Karzai, que retirou sua candidatura e pediu aos eleitores que votassem nele.

Nascido em Cabul em 1942, Rasul estudou no Liceu de Islamabad, no Paquistão, e em Paris, onde cursou medicina e trabalhou no Instituto de Pesquisa Cardiológica. Posteriormente, trabalhou no Hospital das Forças Armadas da Arábia Saudita e foi chefe de gabinete do escritório do rei afegão Mohammad Zaher Shah em seu exílio em Roma.

O médico publicou cerca de 30 artigos em revistas médicas europeias e americanas e é membro da Sociedade Americana de Nefrologia.

O candidato tem fluência em dari, ou afegão persa, a outra língua oficial do Afeganistão, além de francês, inglês e italiano.

Rasul é membro da etnia pashtun, majoritária no país e à qual pertencem Karzai e os talibãs, o que o coloca em uma boa posição no caso de enfrentar Abdullah, de família tadjique, segundo turno. EFE

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