Jovem Pan
Publicidade

Advogados incisivos e Lula cauteloso: como deve ser o depoimento a Moro

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - EFE

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai a Curitiba como réu em uma das cinco ações penais às quais responde e deverá depor diante de um juiz constituído legalmente para ouvi-lo.

Publicidade
Publicidade

Caso não funcione a mais nova tentativa de procrastinação da defesa, que foi levar o pedido de habeas corpus negado pelo Tribunal Regional Federal – 4ª ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), Lula terá de comparecer perante o juiz Sergio Moro na tarde desta quarta-feira (10).

Os advogados dizem que a tendência não é Lula ficar calado o tempo todo, informa a colunista Jovem Pan Vera Magalhães. O petista vê o episódio como uma boa oportunidade para esclarecer os fatos sobre os quais é acusado. Além disso, ficar calado pareceria que ele ficou acuado diante de Moro.

Lula deve adotar no tribunal o tom político dos palanques, sem, no entanto, ser arrogante ou ofender o juiz Sergio Moro. Esse é o limite dado como orientação de seus defensores.

Os próprios advogados de Lula, contudo, devem adotar uma postura mais aguerrida, com tentativas de impugnar as perguntas de Moro e do Ministério Público, para mostrar que haveria algum abuso na acusação e no julgamento.

Outra orientação dada pela defesa ao ex-presidente é que ele não desqualifique diretamente os depoimentos de Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras) e Leo Pinheiro (executivo da OAS), que lhe fizeram graves revelações. Lula é réu por corrupção e lavagem de dinheiro no caso tríplex – imóvel situado no Guarujá, litoral de São Paulo, que a Lava Jato diz pertencer a Lula, o que sempre foi negado por ele.

Lula deve bater na tecla de que os delatores estariam sendo coagidos e pressionados para mencioná-lo e conseguirem o benefício da redução de pena com o acordo de colaboração, mas não deve atacá-los diretamente.

Lula ainda foi orientado a não jogar o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci na fogueira. Ou seja, o petista não deve repetir sob juízo o que já disse em intervenções anteriores, algo do tipo: “Se o Palocci cometeu algum erro, só ele sabe. Se ele cometeu um delito, só ele sabe”.

O ex-presidente deve evitar esse tipo de declaração que, segundo os próprios petistas, foram responsáveis para levar Palocci a cogitar a delação premiada. O ex-ministro ainda pensa em delatar, embora tenha trocado de advogado.

O tom de Lula, portanto, será um mix de coragem palanqueira e a cautela de quem sabe que a sua situação jurídica é bastante delicada.

Publicidade
Publicidade