Antes de entendimento final com PSDB, Temer já havia deixado claro que não se candidataria em 2018

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 29/04/2016 11h47
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ASCOM- VPR Michel Temer

Vamos botar os devidos pingos nos is. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e Michel Temer, ainda vice-presidente, se encontraram na noite desta quinta em São Paulo. Sim, os tucanos integrarão os quadros da gestão interina de Temer, que tem tudo para terminar apenas no dia 31 de dezembro de 2018.

Não se sabe ainda qual será exatamente a participação do maior partido de oposição, que também se compromete a dar sustentação ao novo presidente no Congresso, desde que este abrace uma pauta mínima proposta pela legenda. Hoje, o senador José Serra é considerado um ministro certo de pasta ainda incerta. O mais provável é que assuma as Relações Exteriores, o que me parece uma excelente ideia. Adiante.

Aqui e ali se diz que o PSDB só bateu o martelo porque Temer se comprometeu a não concorrer à reeleição, apoiando a ideia de extinguir o expediente. Bem, parece-me que as coisas não são bem assim.

Antes dessa rodada de negociação com o PSDB, tudo caminhando para a denúncia contra Dilma ser aceita pela Câmara, como foi, Temer já havia deixado claro a uma fila de interlocutores que não concorreria à reeleição caso tivesse de assumir a Presidência. E não o fazia para angariar votos. Antes de o impeachment ser uma realidade plausível, seu horizonte era permanecer como vice e tentar a candidatura pelo PMDB em 2018.

E agora? Bem, agora, creio, tudo pode acontecer. A determinação férrea do PMDB de ter seu próprio candidato antecedia a ascensão ao poder nesses pouco mais de dois anos e meio. Um apoio como lhe vão dar os tucanos abre, obviamente, as portas para uma eventual aliança entre os dois partidos na disputa de 2018. Estando Temer fora da corrida, parece que se desenha um apoio do partido ao candidato tucano. Muita água vai passar sob a ponte, é certo, mas estamos assistindo à aliança, num momento especialmente difícil, entre o maior partido do país e o maior partido de oposição.

Eu ficaria bastante satisfeito se, desse casamento, resultasse o avanço de uma reforma política que caminhasse para a adoção do voto distrital no país — eu defendo que seja puro; os tucanos querem o misto. Qualquer um é melhor do que o modelo que aí está.

Também acho que está mais nas mãos do PSDB do que nas do próprio PMDB a adesão para valer ao parlamentarismo — que, aliás, consta do programa tucano. Não vejo razão para que se postergue a mudança para 2022. O país está diante de uma chance extraordinária de dar um salto de qualidade. É evidente que o presidencialismo é o pai de muitos dos vícios e das crises que aí estão. Parlamentarismo casado com voto distrital puro: essa, sim, é a revolução democrática que poderia ser liderada pelas duas legendas.

Mas sei que estou apressando um pouco as coisas. O entendimento de PMDB e PSDB é uma boa notícia porque, como é sabido, um dos nomes da crise é a absoluta incapacidade da presidente Dilma de dialogar com o Congresso.

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