Antonin Scalia continua extremamente influente na morte

  • Por Jovem Pan
  • 15/02/2016 09h58
EFE Antonin Scalia era um juiz católico e conservador da Suprema Corte dos Estados Unidos

Os Estados Unidos são o país mais poderoso do mundo. São também uma democracia em que os três poderes se equilibram. Cada um deles, podemos então dizer, é o mais poderoso do mundo em sua área. Inicio assim meu boletim para dar uma medida da importância da morte do juiz Antonin Scalia, o líder intelectual e grande influência da ala conservadora da Corte Suprema, que nos EUA conta com nove juízes e não estipula aposentadoria compulsória. Scalia morreu sábado aos 79 anos.

Em vida, Scalia foi combativo e controvertido. A intensidade continua com sua morte, aliás o combate começou assim que sua morte foi anunciada. Em primeiro lugar, com ele havia uma frágil vantagem dos conservadores no Supremo contra os liberais. Ainda por cima, estamos no calor de uma campanha eleitoral. Em jogo não está apenas o controle da Casa Branca, hoje habitada pelo democrata Barack Obama, mas do Congresso, não tanto na Câmara, mas no Senado. As duas casas são controladas pelos republicanos e cabe ao Senado confirmar ou não a indicação ao Supremo feita pelo presidente.

Assim que foi feito o anúncio da morte de Scalia, o comando republicano no Senado disse que Obama deveria adiar sua escolha para a vaga aberta. A decisão assim ficaria com o seu sucessor. Obama e os democratas rebateram de forma imediata, argumentando que é prerrogativa do Executivo de plantão indicar o nome. O desafio para os democratas é terem apenas 46 das 100 cadeiras no Senado. Os republicanos podem se dar ao luxo de meramente bloquearem o debate. Nem precisa acontecer a votação.

O cenário, portanto, é de uma batalha épica sobre a escolha do novo juiz do Supremo nos Estados Unidos. O drama deve mobilizar ainda mais intensamente os candidatos e as bases dos dois partidos na campanha eleitoral. O Senado pode ficar simplesmente paralisado, assim como o Supremo, onde nos próximos meses devem ser examinados casos cruciais envolvendo imigração, aborto, direitos trabalhistas e cotas raciais.

Em sete anos de governo, Obama já colocou dois juízes no Supremo, na verdade duas juízas. Os republicanos não querem dar este direito ao presidente pela terceira vez, apostando que vão ganhar a eleição em novembro e manter o controle do Senado. Obviamente, não existe certeza se estes dois desfechos vão acontecer.

Por este motivo, uma campanha eleitoral que já era tão caótica, intensa e passional terá mais dos mesmos ingredientes nos próximos meses em razão da vaga no Supremo. Justiça seja feita, como em vida, o juiz Antonin Scalia continua extremamente influente na morte.

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