Ao invés de chamar delator de mentiroso, produza provas que o contrariem

Renato Duque presta depoimento na CPI da Petrobras

A ida da CPI da Petrobras a Curitiba deu alguma contribuição à democracia e ao combate da corupção no Brasil?

A CPI da Petrobras, em Curitiba, foi palco dos maiores vexames da história da poítica no Brasil. O primeiro foi a deputada Maria do Rosário, ex-secretária de Direitos Humanos no governo Lula, dizer que José Dirceu contribuiu para a Petrobras um dia antes de Dirceu ser indiciado pela PF, acusado de ter furtado 59 milhões de reais exatamente da Petrobras.

No dia seguinte, que foi esta terça-feira, o espetáculo do depoimento de Marcelo Odebrecht foi ainda mais deprimente. O deputado Altineu Côrtes, do PR-RJ, disse que “é a primeira vez que tenho a oportunidade de estar pessoalmente no mesmo ambiente que o senhor”; o deputado Valmir Prascidelli, do PT-SP, disse: “O senhor acha adequada e correta sua prisão, considerando que sempre se colocou à disposição da Justiça?”.

Odebrecht retribuiu sensibilizado: “Agradeço muito às perguntas que o senhor está fazendo, porque elas seriam as minhas respostas”.

Este vexame foi acompanhado pela televisão, os noticiários da noite deram bons resumos, mas o principal e melhor desse resumo está na página 2 da Folha, num artigo de Bernardo Melo Franco, chamado “O príncipe e os súditos”.

Mas o vexame não acabou aí não. Nesta quarta-feira, o ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, rebateu Augusto Mendonça, o delator, que o acusou de pedir contribuições para o PT, o chamando de “mentiroso”, mas sem apresentar nenhuma prova.

Quer dizer, estamos todos numa República em que o Parlamento não se dá ao respeito – e ainda tem gente como o senador José Serra defendendo o parlamentarismo – e a Justiça é tratada com menosprezo, tanto por um grande empreiteiro como Marcelo Odebrecht, tanto por um ex-diretor da Petrobras que não tem condições de explicar o patrimônio que reuniu com o salário que ganhava.

E quando é que essa gente vai parar de chamar os outros de mentirosos e produzir provas que contrariem os delatores? Pelo amor de Deus…