A bomba explodiu na CPI, mas não foi pro lado que o Governo pretendia

O ex-gerente de Serviços da Petrobras deu o primeiro depoimento da CPI da estatal nesta terça-feira (11)

Pedro Barusco

Pergunta: O depoimento de Pedro Barusco, primeiro da CPI da Petrobras, correspondeu às expectativas que ele levantou?

Resposta: É, meu amigo, dizem que quando a situação tá ruim, o urubu de baixo suja o urubu de cima. O governo tem o controle da CPI da Petrobras, mas não pode evitar que ela fosse convocada.

O primeiro depoente foi Pedro Barusco, um gerente que está devolvendo 97 milhões de dólares que ele recebeu de propina na Petrobras, então você imagina o tamanho desse roubo. Tanto que quando perguntaram pra ele como ele calculou esses duzentos milhões, que ele disse que teriam sido repassados para o PT, ele falou: “era simples, o PT recebia um por cento e eu recebia meio. Se eu recebi cem, ele recebeu duzentos.”.

O depoimento dele também foi convocado por que Luís Sergio, relator do PT, o PT inteiro e o governo, estão interessadíssimos em comprometer o governo Fernando Henrique. Em vez que em delação premiada ao MP, à PF e ao Juíz Sérgio Moro, em curitiba, ele disse que entrou no esquema de propina em 97, quando ainda era presidente o sociólogo tucano.

Só que ele disse, e repetiu na CPI, que realmente a corrupção foi institucionalizada e, realmente, essa é a questão, ninguém duvida que havia roubo na Petrobras antes. Falava-se muito, por exemplo, na época da ditadura; falou-se muito também na época do Fernando Henrique.

Imputa-se a morte de Paulo Francis ao processo que ele teve que responder, por que disse que a Petrobras era presidida por um ladrão e o presidente o processou, exigindo uma fortuna de indenização, o que o teria matado. A questão não é essa. A questão é saber como é a existência de um esquema de roubo.

A se comprovar que alguma coisa aconteceu na época de Fernando Henrique, que seja apurado e que sejam punidos os culpados. Só que o depoimento do Barusco é uma bomba, no sentido de tornar público a delação premiada que ele já fez.

Ele repetiu, por exemplo, que, realmente foi usada a propina na campanha de Dilma em 2010 e que o principal responsável por isso era João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. Entramos a discussão, agora, também do depoimento em delação premiada do Paulo Roberto Costa, quando ele diz que não há doação de empresas a partir de reeleições.

Há empréstimos a juros escorchantes. Esta que, porém, é outra conversa. Ou seja, a bomba explodiu mesmo na CPI, mas não foi pro lado que o governo pretendia.