Brasil pelo mundo: estragos fenomenais e, quem sabe, um remendo

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 14/05/2016 13h10
EFE/ Antonio Lacerda Michel Temer EFE

Brasil, Brasil, com S ou com Z, o país foi destaque global esta semana com a mudança de guarda no Palácio do Planalto. Tchau, querida, bem-vindo mordomo. Bem, chega de brincadeiras e de trocadilhos.

Vi, li e escutei de tudo na cobertura da imprensa global. Dá para fazer um balanço do tamanho de um tuíte? Sim: Brasil é um país de estragos fenomenais, mas com Michel Temer quem sabe comece um conserto, um remendo.

Nem todos concordam é claro. Tivemos na sexta-feira, o equivocado editorial do New York Times alertando que a ascensão de Temer vai agravar a crise política no Brasil. Melhor ficar com o editorial realista do Financial Times, também na sexta-feira, constatando que Temer não é o salvador da pátria, mas pode ao menos estabilizar as coisas no país.

Uma das minhas sacadas favoritas nesta cobertura que foi um tsunami estava no próprio Financial Times, com a medonha lista de tarefas para Temer e de forma instrutiva traça o paralelo com a situação na Argentina. Esta é a vida agora, o Brasil sempre comparado no exterior com os hermanos de Mauricio Macri.

Afinal são experiências paralelas assolando os dois países com o fim do chamado superciclo econômico esquentado pela pujança chinesa e o esgotamento de um modelo de populismo no poder.

Como na Argentina de Macri, o Brasil de Temer precisa restaurar a confiança dos investidores e recolocar a economia no eixos. Esta é a primeira tarefa.

A segunda é impedir os tumultos sociais, que vão ter lugar com ajustes fiscais e as sabotagens empreeendidas pelo velho regime.

A terceira tarefa de Temer é não ser pego na rede da Operação Lava Jato. A corrupção generalizada da classe política no Brasil como estamos cansados de saber municia a narrativa do velho regime. A cantilena de que todos roubam. E obviamente para o lulopetismo será cômodo atirar da poltrona da oposição, embora tantos dos seus quadros estejam na prisão.

Finalmente, a quarta tarefa de Temer será costurar uma maioria parlamentar. Tarefa penosa e constrangedora, basta ver a composição do ministério. Mas como eu disse no boletim de sexta-feira no Jornal da Manhã aqui da Pan, o Brasil é o que é.

Para Temer, estão aí as lições de Macri. Com cinco meses de governo, após adotar um programa de ajuste fiscal, o presidente argentino ainda mantém taxa de aprovação de 60%, enquanto é cada vez mais reduzida a crediblidade da antecessora Cristina Kirchner, envolta no seu escândalo de corrupção.

A lição nos dois países: se as coisas começam a caminhar de forma mais eficiente, a população dá uma chance ao presidente. No arremate do Financial Times, que eu endosso, apesar das adversidades, Michel Temer tem uma chance decente de começar a estabilizar o Brasil.

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