Câmara decide no dia 12 de setembro se Cunha será ou não cassado. Ou: Fim da linha também para ele

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 11/08/2016 10h14
Brasília - A presidenta Dilma Rousseff cumprimenta o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na abertura do Ano Legislativo, no Congresso Nacional (Wilson Dias/Agência Brasil) Wilson Dias / Agência Brasil Dilma Rousseff e Eduardo Cunha

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou finalmente a data da votação do parecer do Conselho de Ética, que pede a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputado hoje afastado de suas funções pelo Supremo Tribunal Federal.

A votação, que será aberta, está prevista para 12 de setembro, uma segunda-feira. A data está sendo vista como uma manobra pró-Cunha, uma vez que esse é um dia da semana tradicionalmente esvaziado.

Quanto menos gente houver no plenário, melhor para Cunha. Por quê? Ele só pode ser cassado por metade mais um dos 512 deputados (com ele, são 513): 257 votos. Ausências e abstenções, pois, são do interesse do peemedebista.

De fato, não parece que uma segunda seja o melhor dia da semana para qualquer decisão importante no Congresso. Mas vamos convir: quem está disposto a cassar Cunha não poderá alegar data ruim, não é? Se não comparecer, então é porque não estava mesmo disposto a dizer “sim” à cassação.

A preocupação, no entanto, se justifica. É claro que Cunha e seus aliados apostam no quórum baixo como uma das poucas saídas que ainda estão à mão. Entre os que querem salvar Cunha, há a avaliação de que uma ausência é bem menos grave aos olhos do eleitorado do que um voto em favor do deputado.

As coisas têm lá a sua graça tétrica para os dois lados, não? Tão logo Dilma assumiu a Presidência, teve início a guerra contra Cunha. Foi claramente deflagrada quando ela decidiu que ele não poderia ser o presidente da Câmara. Mobilizou o governo e seus ministros para fazer outro candidato: Arlindo Chinaglia. Mas Cunha venceu. E aí um resolveu ser o gato do outro na certeza de que perseguia o rato.

Dilma se vai antes de Cunha, mas o destino dele é certo como dois e dois são quatro. Caso não seja cassado por seu pares, não há uma só pessoa que acredite que consiga sobreviver ao Supremo.

O que ninguém sabe é a hora. Se sair vivo do plenário da Câmara, seu mandato vai até 2018. Condenado pelo STF, terá de ir para casa antes disso. Ou coisa pior.

“Mas não há a chance de ele ser inocentado pelo Supremo?” Acho essa possibilidade inferior a zero. É bom não esquecer que o tribunal já se manifestou sobre os métodos a que recorre Cunha: não se limitou a afastá-lo da Presidência da Câmara. Também decidiu impedi-lo de exercer o mandato.

Caso o deputado venha a ser bem-sucedido, estará, como Sísifo, levando a pedra para o alto da montanha. Mas o Supremo a derrubará de lá.

O único prazer do ex-presidente da Câmara, nesse caso, é ver Dilma dar adeus à política antes dele. Mas também sua carreira experimenta os últimos dias. O que lhe resta é torcer para não passar uns bons anos na cadeia.

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