Comentarista já sabe o que dar de presente de Natal para Dilma; descubra

  • Por Jovem Pan
  • 28/10/2014 11h55
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Reinaldo, você já sabe o que dar de presente de Natal para a presidente Dilma?

Sim, eu já sei. Eu tinha pensado, confesso, numa intenção um tanto cabotina, em dar de presente a Dilma Rousseff o meu quinto livro, que vai ser lançado no mês que vem. Mas mudei de ideia depois de assistir a duas de suas entrevistas, uma à TV Globo e outra à TV Record. Deixarei meu livro pra lá.

Enviarei à represidenta um dicionário. Pode ser o Aurelião, o Houaiss ou o Grande Dicionário Sacconi da Língua Portuguesa, que já traz a palavra “petralha”, uma criação deste comentarista, que o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, detesta. Ele acha que isso é cultura do ódio. Entendo. Cultura do amor é afirmar que o adversário, se for eleito, vai extinguir o Bolsa Família. Mas, agora, deixo isso de lado.

À Globo, mostrando que sua gestão não é dada apenas à contabilidade criativa, Dilma afirmou que, durante a campanha, seu governo foi atacado “diuturna e noturnamente”. À Record, disse que, se a crise hídrica que há em São Paulo ocorresse em algum governo da situação, eles, os seus apoiadores, seriam criticados “diuturna e noturnamente”.

Escreveu o poeta Olavo Bilac que a língua portuguesa é, “a um tempo, esplendor e sepultura”. No caso de Dilma, falta o esplendor. A represidenta acha que “diuturno” quer dizer aquilo que acontece “de dia”, daí que “diuturnamente” seria o contrário de “noturnamente”, palavra que, de resto, não existe. O conjunto da obra é digno de Odorico Paraguaçu, o lendário prefeito criado por Dias Gomes. Faz sentido: a forma como o governo usou o Bolsa Família na eleição fez de boa parte do Brasil uma verdadeira Sucupira, não é mesmo?

Lula sempre espancou a língua portuguesa com notável desenvoltura. Nunca ninguém deu muita bola porque se sabe que, embora muito inteligente, teve, de fato, pouca instrução formal. Não é o caso de Dilma, que, ao menos frequentou os bancos universitários. Se ela quer falar como povo, que tire então o “diuturno” do seu vocabulário; se quer recorrer ao vocabulário dos mais instruídos, então precisa se instruir.

Em tempo: “diuturno” quer dizer aquilo que dura muito tempo, que se prolonga, que subsiste. Na origem, a palavra latina “diuturnos” estava, sim, relacionada a “dia”, mas entendido como um período de 24 horas. Está decidido. Meu presente para Dilma será o “O Grande Dicionário Sacconi da Língua Portuguesa”.

 

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