Evangélicos tornaram-se a ‘joia’ dos candidatos à presidência, e agora Lula vai mentir para eles também

Enquanto Moro marcou encontro com o bispo Edir Macedo, o petista já contratou o pastor Paulo Marcelo, que prometeu ‘furar a bolha pentecostal’ que apoia Bolsonaro

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 16/02/2022 12h57
Claudia Martini/Enquadrar/Estadão Conteúdo - 12/06/2021 De camisa azul jeans e máscara branca Pff2, Lula ao microfone Ex-presidente Lula durante discurso

Os evangélicos tornaram-se a joia da coroa dos candidatos à Presidência da República. Está todo mundo correndo atrás. Eles sabem que esse segmento pode decidir uma eleição. Luiz Inácio da Silva e Sergio Moro deram a largada. Sergio Moro, por exemplo, já tem encontro marcado com o bispo Edir Macedo, da Universal do Reino de Deus. Por seu lado, Lula já contratou o pastor Paulo Marcelo, depois de uma longa reunião. O pastor prometeu, então, que tem poder de “furar a bolha pentecostal” que apoia Bolsonaro, que se “se autoproclama guardiã dos bons costumes”. A partir de março, o pastor de Lula terá a incumbência de aproximar os evangélicos do PT. A verdade é que o momento é difícil, porque os evangélicos se afastaram do partido com o avanço das discussões sobre os costumes. Decepcionados, foram para o lado de Jair Bolsonaro. E estão decepcionados de novo. A função do pastor de Lula será montar núcleos evangélicos em todos os Estados brasileiros e no Distrito Federal, cada um com 200 pastores. Também comandará um site para conquistar votos a Lula, que terá o nome de “O Fuxico Gospel”.

Luiz Inácio sabe que não está sozinho nessa parada. Não. O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro está caindo na real, sabe de suas limitações, não é político (o que é ótimo!), não sabe se expressar falando mentiras, mas conhece muito bem esse ofício de tratar com bandidos. É o que ele está fazendo agora. O primeiro passo para decisão de Moro quanto à eleição presidencial foi a carta aos evangélicos, em que expôs suas ideias como cidadão e candidato à Presidência da República. Nessa carta, Moro disse tudo que os evangélicos e grande parte da população queriam ouvir de um candidato num cenário em que todo mundo faz discurso só com insultos genéricos, trazendo de volta aquela ofensa brasileira do “nós e eles”, figura inventada pelo rei da corrupção brasileira. 

Moro defende valorizar a autonomia da instituição familiar, afirmando que respeitará as preferências afetivas e sexuais de cada pessoa. Observa que o Estado deve evitar ao máximo invadir a esfera da liberdade privada, assim como deve preservar as crianças e adolescentes da sexualização precoce. Sergio Moro também prega a defesa da não ampliação da legislação em relação ao aborto e da preservação da vida humana em todas as manifestações, conforme as leis brasileiras em vigor. Afirma que a educação é essencial para o desenvolvimento humano e social e isso inclui a formação escolar, familiar e social. Adianta que cabe aos pais a educação moral e religiosa dos filhos e diz que incentivará a pesquisa na sua forma mais ampla e avançada, mas sem doutrinação. 

Trata-se de um documento importante nestes tempos em que o país está enfiado num poço sem fundo, em que muita gente esperta aparece e toma conta de tudo, especialmente em nome da corrupção. Mas agora, numa espécie de segundo ato dessa carta, Sergio Moro quer avançar no segmento evangélico que, de alguma maneira, está alinhado com o presidente Bolsonaro. O coordenador da campanha de Sergio Moro nessa área, Uziel Santana, informou que o próximo passo é um encontro com bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. A seguir, pretende encontrar-se com os dirigentes da Assembleia de Deus. Está nos planos de Moro realizar lives com jovens evangélicos para marcar bem sua presença no segmento. Terá, também, reuniões com lideranças da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e com o reverendo Roberto Brasileiro Silva, da Igreja Presbiteriana do Brasil. 

No mais, Moro tem se dedicado com tom especial a combater o governo de Bolsonaro, afirmando tratar-se de uma gestão em que não existe forma de elogiar, basta ver o comportamento do presidente diante da pandemia e o abandono da população que hoje fica na “fila do osso” dos açougues para ter o que comer. Além de tudo, Bolsonaro faz um governo que desmantelou o combate à corrupção. Quanto a Lula, a palavra sinônimo de seu nome é corrupção. Quando fala, só mente. Mente em tudo que diz. Mente tanto que chega a dizer que a Lava Jato quebrou a Petrobras quando todo mundo sabe que isso é obra da quadrilha do PT que ele chefiava. Agora Lula vai se dedicar a mentir também para o povo evangélico. E assim vamos seguindo mais uma vez. Agora com um candidato que de “herói nacional” está sendo transformado em bandido. Mas bandido ele não é. Pode não estar ainda preparado para a contenda de outubro. E a razão é simples: é muito difícil lidar com aqueles que preferiram viver fora da lei.

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