Filiação de Moro abre caminho para a presidência do país que ele tentou salvar da corrupção, mas foi esmagado por ela

Com a rejeição do eleitorado a Bolsonaro e a Luiz Inácio da Silva, existe uma grande brecha de descontentes que poderá favorecer o ex-ministro como candidato de terceira via nas eleições 2022

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 11/11/2021 12h14 - Atualizado em 11/11/2021 13h22
Robert Alves/Monumental Foto/Divulgação/Podemos Sergio Moro de máscara acenando ao público presente na sua filiação ao Podemos Sergio Moro se filiou ao Podemos nesta quarta-feira, 10

O Brasil conseguirá ter uma terceira via para as eleições presidenciais? Uma coisa é certa: o país não pode seguir sufocado por essa polarização sem qualquer alternativa para aqueles que de fato desejam mudar. A esperança de ser a terceira via na eleição presidencial de 2022 se filiou nesta quarta-feira, 10, ao Podemos. Chamou atenção algo inusitado. O ex-juiz Sergio Moro pediu desculpas por não ter a voz bonita. Disse que não é político profissional e não está acostumado a fazer discursos. Mas, resumindo seu sentimento, afirmou que não fugirá da luta. O evento foi realizado no Centro de Convenção Ulysses Guimarães, em Brasília, e abriu caminho para sua pré-candidatura à Presidência do Brasil, país que ele tentou salvar da corrupção, mas acabou derrotado pelas quadrilhas de corruptos ajudadas pelo Supremo Tribunal Federal. Fica assim: com a rejeição do eleitorado a Bolsonaro e a Luiz Inácio da Silva, existe uma grande brecha de descontentes que poderá favorecer Sergio Moro como a terceira via, um candidato de centro-direita.

Moro observou que está à disposição do partido para ser seu candidato. Observou que é difícil, porque existem outros nomes no Brasil capazes de fazer o país escapar dos extremos da mentira, da corrupção e do retrocesso. E falando com sua voz de quem não está acostumado a discursar, Sergio Moro adiantou que todos precisam se unir em torno de um projeto de combate à corrupção, redução da pobreza, atacar a inflação, gerar empregos, proteger a família e respeitar o próximo. O clima era de muito otimismo. E a figura de Sergio Moro, depois de decidir filiar-se a um partido político, cresceu e está aí para lutar por um país melhor, conforme ele diz. Moro aproveitou para criticar o presidente Bolsonaro bem como as gestões do PT no país, quando nunca se roubou tanto com Luiz Inácio e Dilma à frente nos escândalos do mensalão e do assalto à Petrobras. Disse que deixou o governo Bolsonaro porque não teve o apoio que lhe foi prometido. Observou que o Brasil não necessita de gente que tenha voz bonita: “O Brasil precisa de líderes que ouçam e atendam a voz do povo brasileiro”, afirmou.

Sergio Moro fez veemente defesa de sua atuação na Operação Java Jato, que os corruptos ajudados pelo Judiciário deram um fim. Disse que sempre foi considerado um juiz firme que agia dentro da lei. Deixou a magistratura para ser ministro da Justiça porque acreditou na promessa de ajudar o país. Mas foi boicotado pelo próprio Bolsonaro, que esqueceu tudo que prometeu. Sentiu, então, que era tudo uma farsa. Deixou claro que nunca renunciará aos princípios e compromissos com o povo brasileiro, assinalando que nenhum cargo vale sua alma. Moro afirmou ser uma grande mentira dizer que não existe mais corrupção no Brasil. Condenou a agressão a jornalistas e criticou as tentativas de controlar a mídia, como Lula vem dizendo que vai fazer. “Nossas únicas armas são a verdade, a ciência e a justiça”, disse Sergio Moro.

O povo será tratado sem malícia, sem mentiras ou verdades alternativas que geram agressões de brasileiros contra brasileiros. Seu slogan de campanha será “Por um Brasil justo para todos”. Adiantou que já pensa em criar uma força-tarefa para erradicar a pobreza do Brasil. Logo a seguir à filiação de Moro ao Podemos, as tropas de choque bolsonarista e do PT invadiram as redes sociais para criticar o ex-juiz, o que já é um bom sinal. A rejeição a Bolsonaro e a Lula é um buraco que pode ser preenchido por um candidato sério que represente mesmo uma terceira via neste país sem saída. Essa polarização representa um inferno. Então, essa que poderá ser a terceira via para 2022 já existe. No início da noite desta quarta-feira, 10, um grupo de militares que apoiava Bolsonaro demonstrou apoio a Sergio Moro. Quem sabe o Brasil ainda se salve das figuras de sempre que fazem do Brasil o que bem entendem. Aliás, o Brasil está por merecer um futuro melhor. Não se sabe se Sergio Moro será mesmo essa terceira via para disputar as eleições presidenciais de 2022. Seja como for, Moro é uma figura respeitada. Mas, mesmo respeitado como é, foi esmagado por essa mesma corrupção que ele tentou enfrentar.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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