Lula não dará espaço para ‘velhos nomes’ do PT caso seja eleito presidente em outubro

Ex-presidente diz que ‘chegou a vez dos mais novos, novas cabeças, novos pensamentos’

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 05/04/2022 13h39
João Gabriel Alves/Enquadrar/Estadão Conteúdo - 29/03/2022 Sentado, de paletó xadrez e camiseta preta, Lula coça a testa com a mão esquerda Lula deve montar chapa com Alckmin para as eleições de outubro

Luiz Inácio da Silva tem tanta certeza de que vencerá Bolsonaro na eleição de outubro que já está até escolhendo os nomes para o seu ministério. Lula, o ex-presidiário por corrupção, não perde tempo. Solto por um golpe do STF, tornou-se candidato a presidente e está à frente de seu principal adversário em todas as pesquisas. Luiz Inácio já avisou aos interessados que começam a rodear a figura do ex-presidente. E diz que as figuras históricas do PT não terão lugar no seu terceiro governo. Incluiu nessa relação figuras como a ex-presidente Dilma Rousseff, Aloízio Mercadante, o ex-presidente do PT, José Genoíno, e seu companheiro de todas as horas, José Dirceu, que chegou a ser o ministro da Casa Civil. Esses e outros que sempre gozaram da confiança de Lula estão fora.

Lula procura não ofender ninguém. “Não tem sentido uma ex-presidente da República trabalhar de auxiliar em outro governo”, afirma em relação à Dilma, acrescentando que ela tem uma competência extraordinária, mas existe muita gente nova que precisa ser aproveitada no governo. Sobre José Dirceu e José Genoíno, Luiz Inácio afirma que no máximo poderão dar palpites. E para por aí. No entanto, o próprio Lula deixa claro que nenhum deles aceitaria cargo no novo governo, caso fossem convidados. É uma no cravo e outra na ferradura. Falando à rádio “Super-Notícias”, de Minas Gerais, na semana passada, Lula foi questionado por que aceitou ser ministro da Casa Civil de Dilma, em 2016, quando estava arriscado a ser preso pela operação Lava Jato como corrupto. Lula não perdeu a pose arrogante de sempre e garantiu que, na época, chegou a conversar demoradamente com Dilma sobre a ineficácia de levá-lo para o governo e que aquela manobra acabaria por resultar num incômodo tanto para ele como para ela.

Lula aproveitou a deixa e adiantou que não escolheu como vice alguém do PT  porque a soma seria zero, não acrescentaria nada. Luiz Inácio falou mal de muita gente, mas a informação que queria passar de verdade é que os “velhos” nomes do PT, históricos ou não, não terão vez. Lula adianta que chegou a vez dos mais novos, novas cabeças, novos pensamentos. Não quer mais saber de figuras que pararam no tempo. O mundo é outro e o Brasil também. Principalmente agora que o país não tem governo e que tudo é resolvido no grito e na força bruta. Luiz Inácio tem certeza de que vencerá e há quem diga, entre os amigos próximos, que o ministério já está praticamente formado. Resta esperar outubro chegar para saber o que vai ocorrer. Seja como for, Luiz Inácio já está com a faixa presidencial guardada num lugar especial. Só a Janja sabe onde está.

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