O que o governo está esperando para começar a vacinar as crianças?

Até este momento, o Ministério da Saúde nada fez para iniciar a imunização infantil; prefere esperar o resultado da consulta pública que inventou, com perguntas de respostas feitas

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 29/12/2021 11h46 - Atualizado em 29/12/2021 12h42
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Marcos Porto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo - 20/11/2021 Ao lazo de Zé Gotinha, Marcelo Queiroga recebe aplicação durante abertura de megacampanha de vacinação O ministro Marcelo Queiroga afirma que o governo anunciará em janeiro a sua posição sobre a vacinação infantil contra a Covid-19

O presidente Jair Bolsonaro comunicou que não vai vacinar sua filha de 11 anos, contrariando as indicações da ciência. E ainda zombou: “Espero que não haja interferência do Judiciário”. Para Bolsonaro, na contramão do mundo, a questão da vacina para criança é muito incipiente ainda, com dúvidas em excesso. Fez o comunicado como se fosse uma glória. Um belo exemplo para um país assustado. Ele mesmo não tomou a vacina e estende a decisão para sua filha de 11 anos. Cada um faz o que quiser da vida. Presidente, o senhor manda na sua casa, mas não manda nas casas dos pais que desejam vacinar seus filhos. Já o servil ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que a imunização de crianças pode começar em janeiro. O ministro observou que o governo é a favor da inclusão dos pequenos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid, e a decisão será tomada no dia 5 de janeiro. Vai depender ainda daquela consulta pública ridícula que está sendo realizada. São informações desencontradas que somente causam incertezas na população. Incertezas e medo. No fundo, isso é terrorismo. E os abutres do negacionismo continuam a falar contra tudo. No fundo, é uma perturbação mental.

De nada valerá o grande esforço pelo negacionismo. De nada adiantarão as declarações do presidente Jair Bolsonaro contra a vacina. De nada adiantará a palavra inócua do servil ministro da Saúde, que esqueceu seu juramento de médico e faz tudo que seu mestre manda de maneira desavergonhada. Não passa de um serviçal, com todo o respeito que merecem os serviçais. Mas este não. Queiroga merece o esquecimento total da população brasileira. Esse arremedo de ministro continua a dizer que o governo recomendará que as crianças sejam vacinadas contra a Covid-19 desde que tenha a prescrição médica e a assinatura num termo de consentimento dos pais. Senhor ministro Marcelo Queiroga, vá com esse discursinho falar aos moradores de uma favela. Vá lá. Os moradores das grandes comunidades têm médico à disposição dia e noite para receitar a vacina, não é mesmo, senhor ministro? Vá até lá para conhecer a realidade das coisas.

Até este momento, o Ministério da Saúde nada fez para iniciar a vacinação nas crianças. Prefere esperar o resultado da consulta pública que inventou para ouvir a sociedade sobre o assunto, com perguntas de resposta feita, desacreditando a vacina infantil. O governo está repetindo, neste episódio da vacinação das crianças, a mesma irresponsabilidade com que agiu quando o coronavírus surgiu. Gente irresponsável mesmo. De nada adiantou a aprovação da vacina Pfizer pela Anvisa para o público infantil. O ministro da Saúde ignora coisas assim, seguindo os ensinamentos desumanos do mestre. Pois saiba, senhor ministro, que a maioria dos Estados e municípios brasileiros vai ignorar as normas que o senhor estabelecer, se é que o senhor tem poder de estabelecer alguma coisa. A maioria dos Estados vai ignorar completamente a receita médica para vacinar uma criança. E tem que ignorar mesmo.

Em certos casos, como este, tem que se pregar a desobediência civil, que é um direito da população. Os Estados e municípios informam que seguirão a orientação do Conselho Nacional de Secretários da Saúde e não vão exigir o pedido médico para vacinar as crianças. Autoridades estaduais e municipais de Saúde, além de associações médicas, reagiram com indignação a essa conversinha. A questão mais criticada é a obrigação de apresentar uma receita médica para vacinar as crianças, o que obriga meninos e meninas a fazerem uma consulta antes de seguir ao posto de saúde. É uma maneira de prejudicar a vacinação. Trata-se de mais uma história brasileira patética e ridícula.

Os especialistas resumem bem mais este episódio deprimente da pandemia no Brasil, dizendo que essa decisão do governo reforça uma das coisas mais terríveis que temos neste país, que é a desigualdade no acesso ao sistema de saúde. Senhor ministro, pare com esse discurso lastimável. Respeite pelo menos a medicina que o senhor cursou e à qual fez um juramento. Pare. Até porque toda essa conversa não vai servir para nada. Cientistas do mundo inteiro apontam a segurança e a eficácia da vacina para crianças, que já está sendo aplicada em vários países. O melhor é o senhor deixar os brasileiros em paz. Especialmente aquelas crianças brasileiras que vivem à margem da vida.

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