PSDB deve explodir hoje, e Doria está preparado para a guerra

No último sábado, tucano divulgou uma carta afirmando que o partido quer dar um golpe na sua candidatura, que foi decidida nas prévias organizadas pela sigla

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 17/05/2022 11h37
BRUNO ESCOLASTICO / PHOTOPRESS / ESTADÃO CONTEÚDO Governador João Doria: homem usando terno azul escuro e máscara preta segurando microfone João Doria acusa o PSDB de não respeitar as prévias do partido, que o escolheram como pré-candidato à presidência

O PSDB deve explodir hoje, terça-feira, 17. Dividido, o partido vai para uma reunião que promete não deixar nada no lugar. O problema do PSDB chama-se João Doria, ex-governador de São Paulo. Doria sabe que vai ser fritado. O presidente do partido, Bruno Araújo, marcou a reunião da Executiva Nacional para resolver o problema de vez. João Doria já deixou claro que, se houver uma terceira via, ele quer ser a cabeça da chapa. Não aceita ser vice de ninguém, especialmente da senadora Simone Tebet (MDB). Doria está preparado para a guerra. 

No sábado, 14, divulgou uma carta rejeitando o critério que vem sendo utilizado para a escolha do nome da terceira via. Um fato chamou atenção: a carta na qual Doria diz que o PSDB vai dar um “golpe” foi escrita em papel timbrado com o logo de um escritório de advocacia. Quer dizer, Doria, com isso, já deu o seu recado: vai entrar na justiça, o que irritou ainda mais os dirigentes tucanos que desejam ver Doria longe. A fritura de João Doria vem sendo preparada já há algum tempo. Na carta, Doria cobra do PSDB respeito ao resultado das prévias realizadas pelo partido em novembro de 2021, das quais saiu vencedor como pré-candidato à Presidência da República. A questão azedou quando o PSDB se uniu ao MDB e ao Cidadania para tentar uma terceira via a fim de enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Jair Bolsonaro (PL). Só que ninguém se entende, a vaidade fala mais alto. A direção do PSDB concordou que a escolha do nome da terceira via deve ser feita com base nas pesquisas eleitorais quantitativas e qualitativas. 

Por esse acordo, Doria sabe que será rifado, especialmente porque possui alta rejeição dos eleitores. Os aliados do ex-governador garantem que o PSDB atua em favor do nome da senadora Simone Tebet. O MDB, por seu lado, prefere ficar fora dessa discussão e observa que Doria quis disputar a Presidência da República de qualquer forma. Doria só aceitará o acordo entre os partidos se ele for o escolhido para encabeçar a chapa única. Fora disso, nem pensar. O presidente do PSDB adianta que acatará o nome escolhido, seja ele qual for. Já Doria diz que o critério para a escolha do nome não passa de uma medida “estapafúrdia”, assinalando que ele venceu as prévias e a tentativa de golpe continua acontecendo. Na sua carta, Doria diz que não abre mão do “protagonismo” na disputa. Declarando guerra ao partido, Doria disse que lutará até o fim contra esse abuso de poder do PSDB, um ato antijurídico, passível de correção pela via judicial. 

O comando do PSDB possui 34 integrantes e muitos acham lamentável a atitude de Doria, que enfiou tudo no mesmo saco, generalizando sua crítica, o que configura uma atitude injusta. Seja como for, João Doria tem quem o defenda nessa questão, a começar pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que apoia Doria e acha que ele fez muito bem em divulgar sua carta. Uma coisa é certa: o PSDB deve explodir ou implodir na reunião. E Doria tem seu destino traçado: não será o escolhido. Então o caminho será a justiça, o que significa pular num abismo.

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