Se Boulos sonha em ser governador, já pode esquecer: quem manda no Psol é o líder do PT

Lula diz que o psolista pode ser um ótimo puxador de votos para a Câmara, mas, no fundo, quer favorecer sua candidatura e a do menino maluquinho Fernando Haddad

  • Por Álvaro Alves de Faria
  • 14/03/2022 13h08
Gabriela Biló/Estadão Conteúdo - 16/02/2022 Guilherme Boulos, de máscara, gesticula com a mão esquerda enquanto fala diante de um microfone Guilherme Boulous, do Psol, é pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo

Luiz Inácio da Silva se julga dono da eleição presidencial de outubro. Tanto que se mete até em assuntos que dizem respeito a outros partidos que não o dele. Um pândego. Agora Guilherme Boulos está sendo pressionado a desistir de sua candidatura ao governo de São Paulo. Atrás dessa manobra, está a figura nefasta de Luiz Inácio. No máximo, Boulos poderá ser candidato à Câmara dos Deputados. E é melhor não reclamar. O objetivo é favorecer a candidatura do menino maluquinho Fernando Haddad, do PT.  As lideranças do Psol fingem que isso não acontecerá. Boulos manterá sua candidatura, dizem. Mas todo mundo sabe que essas lideranças falam apenas para inglês ver (e ouvir).

Na verdade, eles também estão vendo suas vantagens. Essa gente só quer saber quanto essa desistência renderá em dinheiro vivo. Os petistas afirmam que o tal líder dos sem-teto passará a apoiar o menino maluquinho a partir de abril. Até lá, o assunto vai ser discutido à exaustação para render na mídia. Será um acontecimento com muita festa. O Psol observa que, se abrir mão da candidatura de Boulos, o partido ficará muito fragilizado no maior colégio eleitoral brasileiro. Ao mesmo tempo, o PT interfere e afirma que Boulos poderá ser candidato a deputado federal e se tornar um grande puxador de votos para a federação que será criada entre o PSOL e a Rede. Os petistas juram que apoiarão Boulos na eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2024.

Em 2021, Boulos chegou ao segundo turno na eleição para prefeito paulistano e somou 2,2 milhões de votos. Ele está sendo pressionado a decidir logo, antes da cerimônia em que Luiz Inácio lançará oficialmente sua candidatura à Presidência da República, com o ex-governador Geraldo Alckmin a tiracolo. Assim, nessa cerimônia festiva, Lula pretende homenagear o líder dos sem-teto que desistiu de sua candidatura ao governo paulista em favor de Haddad, que contará com o apoio de toda a esquerda. Guilherme Boulos não diz nada. Está apenas observando, como o bobo da corte. E, enquanto ele não diz nada, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o presidente do Psol, Juliano Medeiros, vêm se reunindo para tratar do assunto.

Lula dá a impressão que está por fora. Raposa velha, costuma agir assim nessa enganação que vem de longe. Se Guilherme Boulos tinha o sonho de ser candidato ao governo de São Paulo – e ele tem direito de ser, se quiser –, pode esquecer. Na ordem das coisas, Boulos não significa nada. Tem apenas que acatar ordens e ficar quieto. No fundo, todas essas manobras objetivam favorecer o próprio Lula que, na última sexta-feira, 12, disse numa entrevista que nunca foi corrupto, gritando que todas as acusações contra si foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal. É o homem mais honesto do Brasil, como cansou de repetir muitas vezes durante o escândalo da Petrobras. Então esqueçam: Guilherme Boulos, quando muito, será candidato a deputado federal. Mesmo sendo de outro partido, o Psol, quem dá as ordens é Lula. E ponto final.

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