Efeito Mello Araújo: como o vice da capital tem desenhado os rumos da eleição em SP
De apoio de Bolsonaro à sensação de desconfiança, coronel pode definir destino do Bandeirantes em 2026
O vice-prefeito de São Paulo, coronel Mello Araújo (PL), movimentou o tabuleiro da eleição no Estado de São Paulo nas últimas semanas. Visto como uma “pedra no sapato” do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), desde o início da gestão, o militar sempre apresentou dificuldades de relacionamento interno com secretários e demais membros da Prefeitura. Em falas recentes, aumentou as tensões inclusive com o governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fazendo os aliados mudarem os planos para 2026.
Segundo um membro do alto escalão do Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio teria ficado irritado com a questão. Nunes era o preferido do governador para disputar a vaga caso Tarcísio vá para a corrida nacional. Recentemente, no entanto, os dois precisaram ter uma conversa para acertar novos termos: o entendimento é que Ricardo Nunes não pode mais concorrer.
Existe um receio geral entre membros das duas gestões de que Mello Araújo poderia agir de forma prejudicial às duas candidaturas – tanto presidencial, de Tarcísio, quanto estadual, de Nunes.
A nova avaliação foi feita após declarações do vice-prefeito contra Tarcísio e até mesmo sobre a própria gestão municipal no tema da Cracolândia. Antes, Estado e Prefeitura acreditavam que Mello poderia ser um problema, mas que seria possível driblar com o secretariado de Nunes atuando com força. Não mais.
Nos bastidores, há quem diga que o vice-prefeito de São Paulo, que entrou na chapa após indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tem agido a mando da família Bolsonaro para atacar Tarcísio e Nunes. O comportamento dele seria um reflexo das críticas feitas pelos filhos, principalmente o deputado federal Eduardo e o vereador Carlos, ao governador. Os dois querem manter a candidatura à presidência em 2026 com o “legado Bolsonaro” e tem torcido o nariz para a força política de Tarcísio.
Em 2024, no entanto, enquanto Ricardo Nunes tentava a reeleição municipal, o vice indicado por Bolsonaro foi considerado crucial para que o ex-presidente desse apoio ao atual prefeito. Foi Tarcisio quem fez a costura, considerada crucial na época em que Nunes disputava votos com Pablo Marçal (PRTB), que tinha simpatia do público bolsonarista.
Agora, Nunes estava pronto para ser candidato ao Palácio dos Bandeirantes. Fatores como boa pontuação em pesquisas e ser um nome já conhecido, inclusive com alguma entrada no interior após investimentos de Tarcísio estavam no cálculo.
E AGORA?
Mello Araújo segue como vice-prefeito. Há alguns meses, como antecipou a coluna, o PL visa a possibilidade de transformá-lo em candidato ao Senado. Enquanto alguns veem a possibilidade como boa para “tirá-lo de cena” da Prefeitura, outros temem que a abertura possa dar lugar a um apadrinhado do ex-vereador Milton Leite (União Brasil) no comando da cidade.
OUTROS NOMES
A saída de Ricardo Nunes do escopo de candidatos ao Palácio dos Bandeirantes deu mais força ao atual vice-governador, Felício Ramuth (PSD). Apesar de ser o preferido do momento, outros nomes, como o do presidente da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado), André do Prado (PL); do presidente do PSD e secretário de Tarcísio, Gilberto Kassab, e do deputado federal Guilherme Derrite (PP), também são ventilados.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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