Novo centro: Governo de SP quer 3 prédios icônicos ‘de volta à vida’ em parceria com iniciativa privada
Objetivo é conceder os edifícios tombados junto com o andamento do novo centro administrativo, previsto para 2030
O governo de São Paulo quer conceder à iniciativa privada três prédios públicos icônicos do centro da capital paulista. O plano, que faz parte das novas ações de revitalização do centro da cidade de São Paulo, é levar bares, restaurantes, hotéis, escritórios e moradia para os locais, que já foram muito famosos e com grande circulação de pessoas. Os edifícios são tombados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueólogico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).
Para iniciar o processo, três prédios principais estão na mira da gestão estadual:
– O edifício do antigo Banco de São Paulo, que hoje abriga a Secretaria de Esporte, localizado na Praça Antônio Prado. Ele foi projeto em 1935 pelo arquiteto Álvaro de Arruda Botelho e concluído em 1938 e possui dois blocos distintos e interligados, sendo voltado para a praça. Foi tombado em 2003;
– O Edifício Saldanha Marinho, atual prédio da Secretaria de Segurança Pública, localizado na Rua Líbero Badaró. Da década de 1930, ele é um dos primeiros exemplares em estilo art déco na cidade e é tombado desde 1986;
– O antigo Hotel Esplanada, atualmente sede da Secretaria de Agricultura e também da Secretaria de Turismo. Ao lado do Theatro Municipal, o prédio fica na praça Ramos de Azevedo e foi construído em 1923, na época hospedando companhias de ópera e homens de negócios nos anos em que a principal atividade econômica no Estado era o café. Foi tombado em 1992. Esse edifício também deve levar , no “pacote” que será oferecido ao setor privado, o conhecido Cine Marrocos e um terreno que, atualmente, abriga uma grande loja do setor de papelaria;
Segundo uma fonte da atual gestão ligada ao projeto de revitalização do centro, os prédios não serão concedidos à investidores sem “uma boa contrapartida”. O entendimento é que não há interesse do governo em apenas ceder o espaço – mas, sim, garantir que no local haverá circulação de pessoas e aproveitamento do espaço. “Queremos a cidade ocupada 24h”, afirma.
No Edifício São Paulo, por exemplo, há um enorme cofre, totalmente preservado. Uma ideia é abrir o local para o público, inaugurando um bar, por exemplo, nos moldes do que já ocorre no atual Bar do Cofre, também no centro da capital. Já o terraço do prédio da Secretaria de Segurança pode servir para festas ou restaurantes, como um rooftop – eventos que estão no auge atualmente no coração da cidade. Para o Esplanada, o plano é que o local volte a ser um hotel, principalmente pela localização, ao lado do Theatro Municipal. O objetivo é resgatar o “sentimento antigo” da região e investir na história de São Paulo.
Os três prédios foram escolhidos pela gestão como pontapé inicial de um plano maior. A ideia é que, aos poucos – e junto com o andamento do novo centro administrativo da cidade, que ficará em Campos Elíseos, também no centro, outros edifícios também sejam oferecidos para fazer parcerias com investidores. As secretarias que funcionam nesses locais podem poderão ser instaladas temporariamente em outros imóveis, como o Edifício Cidade, também na região. Depois, em 2030 (que é a previsão de conclusão do projeto), todas estarão instaladas na esplanada que será construída na região.
Atualmente, a Secretaria de Justiça e Cidadania, por exemplo, já foi rearranjada em partes para o Palácio dos Campos Elíseos. Ela é a pasta mais antiga do Estado e foi a primeira a se mudar. A transferência da SJC começou em 2024, com adequações no prédio sendo feitas para receber plenamente o órgão em breve.
O novo centro
Nesta quarta-feira (18), o governo de São Paulo republicou o edital de PPP (Parceria Público-Privada) do novo centro administrativo Campos Elíseos. O cronograma foi atualizado nova data para a realização do leilão: 26 de fevereiro.
Essa é a terceira remarcação do certame. Inicialmente previsto para outubro deste ano, o leilão passou por adiamentos – primeiro, foi remarcado para novembro. Agora, para fevereiro. Segundo o governador do estado, Tarcísio de Freitas, a mudança não afeta de maneira substancial o cronograma original – com previsão de entrega para 2030 – ocorreu a pedido das empresas interessadas, que pediram prazo adicional para concluir a apresentação de garantias e finalizar documentações complementares necessárias à etapa de propostas
Com investimentos estimados em R$ 6 bilhões, o projeto prevê a construção, na região dos Campos Elíseos, de sete edifícios e dez torres que concentrarão o gabinete do governador, além das secretarias e órgãos estaduais, atualmente espalhadas por mais de 40 endereços na cidade. A requalificação do bairro ainda inclui o restauro de 17 imóveis tombados e a ampliação em mais de 40% das áreas verdes do Parque Princesa Isabel.
O projeto também prevê 25 mil m² destinados a comércio e serviços, fortalecendo o desenvolvimento econômico local e promovendo o uso misto do território, além da construção de um novo terminal de ônibus, que será interligado à estação Luz do Metrô e CPTM, como adiantou a coluna.
Entre as alterações na paisagem, também está sendo construído um anexo de vidro próximo ao Palácio dos Campos Elíseos. O local deve abrigar a Casa Militar, já que o Palácio é o ponto principal do novo Centro. Há também previsão de um prédio construído apenas para a Polícia Militar e, no próprio Palácio, mobílias originais estão sendo restauradas para que o governador do Estado possa receber visitas oficiais.
Em 2026, segundo a fontes da administração, a desapropriação e demolição são as fases principais do projeto. A expectativa é que, partir de 2027, as obras tenham início, com duração de 3 anos. A mudança completa da estrutura administrativa para o Palácio dos Campos Elíseos será em 2030.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.


Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.