Como reconhecer um homem moderno: será que existe?

Ele troca a fralda da criança sem a mãe pedir, não tem vergonha de dançar e de falar que faz terapia; não precisa encher o cônjuge de presentes, mas uma orquideazinha, de vez em quando, não faz mal a ninguém

  • Por Bia Garbato
  • 04/08/2024 11h23
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Freepik Pai cozinhando enquanto segura o bebê plano médio O homem pra frente faz risoto, mas também arroz e feijão

O que é um homem moderno? Aquele que trabalha com novas mídias, domina a inteligência artificial, sabe tudo de geopolítica e por aí vai? Pode ser, mas, na minha opinião, um homem realmente atual é muito mais do que isso. O homem moderno é um bom marido, mas, principalmente, um bom ex-marido. Não se assusta — e apoia — mulheres bem-sucedidas. Não tem medo de demonstrar afeto. De falar sobre sentimentos. De mostrar suas fragilidades. E, óbvio, não tem vergonha de chorar, mas isso já está bem conversado.

O homem contemporâneo troca a fralda da criança sem a mãe pedir. Se marcar pediatra, preparar uma papinha balanceada ou fizer parte do grupo da escola “Mães do 4º B” é, definitivamente, um homem pós-moderno. Ele usa o celular com moderação. Isso é o auge da modernidade. E, quando usa, não cai na cilada das vidas perfeitas das redes sociais. Não tem vergonha de dançar. De ir à manicure. De falar que faz terapia. Está confortável com a sua idade, com o seu cabelo (ou a falta dele) e com a sua altura, seja lá qual ela for.

O homem moderno está à vontade com sua sexualidade, não manda vídeos com mulheres-objeto e assume quando não quer fazer amor, sem seguir a lógica de que o homem tem sempre que estar a postos e, ainda por cima, performar. Não tem problema em falar que tem medo de barata ou de se machucar num relacionamento. O homem moderno é atlético (não me refiro aos torcedores do Atlético Mineiro) ou se exercita de alguma forma. Pode adorar futebol, torcer apaixonadamente pelo seu time, mas sem que isso se sobreponha à atenção às pessoas que convivem com ele. E se não gostar de futebol, tudo bem.

O homem pra frente faz risoto, mas também arroz e feijão. Vai ao mercado comprar presunto cru, mas não esquece do amaciante. Saber passar camisa é o último grito da modernice. Não precisa ser feminista, mas machista não dá. Não precisa ser romântico, mas ciúmes demais não dá. Não precisa encher o cônjuge de presentes, mas uma orquideazinha, de vez em quando, não faz mal a ninguém.

O homem moderno usa sua testosterona moderadamente. Não levanta a voz (grave) numa discussão. Não xinga no trânsito, pelo menos com alguém do lado.  Ele se veste sozinho (e bem). Desculpa, aqui em casa isso é importante. Faz declarações de amor no Instagram. Não sei se é moderno, mas é fofo. Não precisa voltar para a educação infantil. Desculpa, não resisti. Mas o importante mesmo é não esquecer de ser quem ele é. Isso não sai de moda.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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