Segundas-feiras: o inevitável recomeço da semana
Segundas nubladas e frias, que ainda calham de ser dia 01, o dia mundial de pagar contas, não são obra de Deus
Segunda agora, não satisfeita em ser o dia mundial do bode, o céu acordou cinza de escurecer a casa. Para completar, fez um frio de doer as têmporas. Domingo, na hora do crepúsculo (não do filme, do momentinho que anoitece) é inevitável dar um vazio existencial. Mas a culpa não é do último dia do fim de semana, mas sim do prenúncio da segunda-feira. Via de regra, quanto melhor é o fim de semana, pior é a segunda-feira. Bebeu sábado? Multiplica o bode por 2. Bebeu domingo? Por 3.
Na sexta a alma fica leve, quase flutua… Na segunda ela aterriza e traz o mundo junto (sobre as nossas costas). Um dos grandes lances é a questão do fuso horário. Bateu sexta, liberou a hora de dormir. Afinal, sábado dá para acordar mais tarde. No dia seguinte a lógica se repete. E o melhor? Sem despertador. Já na segunda-feira, o despertador é a coisa mais importante. Sem ele não há segunda. Pelo menos de manhã. Já coloco uma mensagem junto como alarme para não me deixar esquecer que começou a semana: “Levanta, filha, que tem ginástica!” Ou ainda: “Não ouse apertar o adiar!” (aqueles 9 minutinhos que viram 18).
Segunda, em algum lugar do nosso cérebro, sabemos que os bancos vão abrir, o que nos faz lembrar que as contas têm que ser pagas. Ainda mais numa segunda que também é dia primeiro, como a dessa semana. Essa não pode ser obra divina. No final de semana temos a alegria de saber que o Itaú está descansando, quando também estamos. Se no fim de semana a gente encontra pessoas queridas, na segunda geralmente encontramos pessoas de quem não estávamos com muita saudades. O chefe é o auge dessa lógica.
O cafezinho, tão apreciado nas manhãs tranquilas de sábado e domingo, passa a ser sorvido num ritmo apressado, indo de uma bebida quente para uma droga estimulante. O fato é que sem as segundas, o mundo não girava. Elas são uma oportunidade de recomeçar, de fazer diferente e melhor. Afinal, o tempo não para.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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