Legalização do cigarro eletrônico no Brasil pode provocar aumento de jovens fumantes

Aparelho, proibido no Brasil, já produziu centenas de mortes por doenças pulmonares de causa desconhecida nos Estados Unidos; sociedade corre risco de retrocesso na queda do número de fumantes

  • Por Jovem Pan
  • 17/09/2020 07h00 - Atualizado em 17/09/2020 15h37
Pixabay Vape O cigarro eletrônico também pode provocar malefícios à saúde

Os cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil desde 2009, mas o debate sobre essa decisão continua intenso em virtude do elevado comércio ilegal e da possibilidade de alguns países darem concessões especiais a esses dispositivos sob a alegação de que eles são menos prejudiciais do que os cigarros convencionais. Estudos recentes, contudo, mostram que, embora os cigarros eletrônicos tenham menos substâncias tóxicas do que os cigarros convencionais, eles continuam tendo concentrações nocivas para alguns componentes, e elas podem ser até maiores do que nos cigarros comuns. Além disso, os cigarros eletrônicos vêm com “sabores” de menta ou tutti-frutti que, além da adição de mais produtos químicos, podem ser um grande fator de atração para o público jovem não tabagista, seduzido pelo apelo estético, moderno, saboroso e “inocente” dos vapes. O “inofensivo aparelho” produziu ainda centenas de mortes por doenças pulmonares de causa desconhecida nos Estados Unidos. Provavelmente, o componente oleoso do produto leva ao depósito de gordura nos alvéolos pulmonares, produzindo uma pneumonia lipídica. Isso é muito perigoso. Pesquisas feitas com jovens norte-americanos têm mostrado um aumento preocupante de adolescentes fumando cigarros eletrônicos, sem contar o aumento de casos de insuficiência respiratória aguda em indivíduos entre 18 e 35 anos. Essa pode ser a situação do Brasil caso legalizemos o produto.

Um outro ponto é a discussão ainda não embasada pela literatura científica de que o cigarro eletrônico poderia ser uma maneira menos tóxica de fumar, e, por isso, funcionaria como uma espécie de “tratamento” para quem quer parar de fumar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza que há muitos tratamentos existentes para quem quer parar de fumar e fumar um cigarro eletrônico não é um deles. Não há evidências de que isso seja o caso. Por isso, precisamos ficar atentos a esse tema. Do ponto de vista da saúde pública, o aumento do consumo – legal ou ilegal – de cigarros eletrônicos pode fazer com que as estatísticas de uso de tabaco no Brasil voltem a crescer. Atualmente, graças a políticas públicas eficazes, o número de fumantes caiu para menos de 10%, e não seria bom que nossa sociedade vivesse o retrocesso neste tema.

Se quiser sugerir algum tema para as próximas colunas, escreva para mim: dracamila@jovempan.com.br. Até a próxima!

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