Antes mesmo de cassação, Bolsonaro já se sente abandonado por PL
Ex-presidente não recebeu estrutura mínima prometida por Valdemar Costa Neto, dono do PL, que parece torcer nos bastidores pela cassação
Principal ativo eleitoral do PL de Valdemar Costa Neto, Jair Bolsonaro corre o risco de ter seus direitos políticos cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral, que começará a julgá-lo na próxima quinta-feira. Interlocutores da cúpula do partido avaliam que o cacique da legenda, embora tenha feito pronunciamentos públicos em defesa do ex-presidente, no fundo torce para sua cassação. Um de seus conselheiros chegou a dizer que, caso seja cassado, Bolsonaro elegerá 20% a mais de prefeitos em 2024, apenas como cabo eleitoral. Conversa fiada, claro.
Uma vez cassado, o ex-presidente ainda deverá passar meses sendo fritado na CPMI do 8 de janeiro, dominada por governistas. Sem uma estratégia de contra-ataque, sua imagem pública passará por um processo de desgaste de difícil recuperação. Bolsonaro sabe disso e já se sente abandonado, dando sinais de depressão, sem alguns de seus principais conselheiros – presos por Alexandre de Moraes por suspeita de adulteração do cartão de vacinação –, e vivendo sem estrutura mínima do partido.
Valdemar havia prometido fornecer ao ex-presidente uma casa para morar, além de assessoria jurídica e de comunicação. Por enquanto, nada. A assistência nessas duas áreas fundamentais tem sido feita de forma voluntária por Fábio Wajngarten, seu ex-secretário de Comunicação, responsável também por cuidar da saúde de Bolsonaro e gerenciar crises criadas pelo próprio. No fim de semana, o ex-presidente disse que vacinas de RNA conteriam grafeno. Depois teve que soltar um pedido de desculpas. Tudo isso a poucos dias do julgamento sobre sua cassação.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.