Carga misteriosa na visita de Lavrov

Visita do chanceler russo Serguei Lavrov ao Brasil no dia 17 vem causando desconforto entre representantes diplomáticos de países que apoiam a Ucrânia na guerra contra a Rússia

  • Por Claudio Dantas
  • 07/04/2023 14h09 - Atualizado em 07/04/2023 15h05
Willy Kurniawan / AFP Serguei Lavrov, chanceler da Rússia Serguei Lavrov, chanceler russo

Representantes diplomáticos de países aliados da Ucrânia na guerra contra a Rússia estão desconfortáveis com a visita do chanceler russo Sergei Lavrov a Brasília, no próximo dia 17. O motivo é uma carga de 5 toneladas, classificada como ‘bagagem diplomática’, que deverá entrar no Brasil no período. O carregamento é sigiloso e encontra-se parado na Argentina, com previsão de transporte em uma semana. Essas fontes suspeitam que possam ser equipamentos sensíveis, armamentos ou dinheiro não declarado. Além do contêiner misterioso, Lavrov estaria trazendo em sua comitiva 18 agentes de segurança e inteligência.

Malas e bagagens diplomáticas não podem ser revistadas, mas parlamentares da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado avaliam solicitar informações ao Itamaraty.

Detalhes da viagem do chefe da diplomacia russa foram ajustados no encontro com Celso Amorim dias atrás, em Moscou. O assessor especial de Lula também foi recebido por Vladimir Putin, que convidou o presidente da República a visitá-lo. A missão discreta de Amorim teve como pauta oficial negociações sobre o comércio de fertilizantes e a oferta de Lula para mediar um acordo de paz. “Dizer que as portas estão abertas (para a negociação de paz) seria um exagero, porém afirmar que estão fechadas tampouco é verdade”, disse o assessor,  de forma lacônica.

Céticos em relação a qualquer avanço num cessar-fogo, esses diplomatas ouvidos pela Jovem Pan, na condição de anonimato, enxergam os encontros como cortina de fumaça para uma aproximação estratégica entre Brasil e Rússia, no âmbito de um alinhamento geopolítico liderado pela China. É conhecida a intenção do bloco de se criar um sistema de pagamento global alternativo ao Swift, a fim de livrar aliados de sanções ocidentais. A esse contexto conturbado, somam-se prisões recentes de três espiões russos que estariam atuando mundo afora com identidades brasileiras. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo desta quinta-feira, 6, informa que a Polícia Federal suspeita do uso do país de forma sistemática para formar agentes ilegais pelo governo russo.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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